Por Jeison G Heiler
O Deputado Federal Mauro Mariani votou contra o presidente TEMER na ultima denúncia encaminhada por Janot ao Supremo. Mas fez isso depois de ter votado de maneira favorável no primeiro processo. Muitos tem gastado neurônios para entender o voto do deputado. Est simplissimum: ele é candidato ao governo do Estado e não quer pegar carona na rejeição de Temer. No mais, se desdobra em justificativas, como a dada abaixo em entrevista ao OCP, para disfarçar a manobra. O fato é que ele está perdendo nas pesquisas, e sabe que precisa desvincular-se da imagem de TEMER e do PMDB para conquistar a simpatia do eleitor. Cabe saber se o eleitor vai engolir esta história de que o PMDB de SC não é o mesmo PMDB nacional. Será que o eleitor vai comprar essa tese?
Entrevista ao OCP:
Depois de pedir a renúncia da Executiva Nacional do PMDB, o deputado federal catarinense Mauro Mariani (PMDB) votou a favor da investigaçãocontra o correligionário, presidente Michel Temer, denunciado pela Procuradoria-Geral da República por obstrução de justiça e organização criminosa. Com o placar de 251 a 233, a votação dessa quarta-feira (25), acabou barrando a denúncia, que envolve também os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco.
Mariani votou contra a primeira denúncia por entender, segundo ele, que a troca de comando prejudicaria a retomada econômica, mas agora, diz, surgiram elementos mais graves e fundamentados envolvendo a presidência e a cúpula do Executivo.
Em entrevista à coluna, o presidente estadual do PMDB avaliou a votação e disse acreditar que é um erro insistir na Reforma da Previdência.
Patricia Moraes – Deputado, como explica a mudança de voto de uma denúncia para outra?
Mauro Mariani – Você sabe e todo mundo sabe que eu já estava dando recado da insatisfação do partido em Santa Catarina. Eu já tinha defendido publicamente a renúncia da cúpula nacional. Mas os caras fecharam os olhos e ouvidos. O cenário também mudou bastante de lá para cá. O PMDB é um partido com mais de dois milhões de filiados. Será que não tem meia dúzia capaz de assumir o comando nacional? São sempre os mesmos, desde que o partido virou governo, e isso faz tempo. Esteve com Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma. Não dá. Chega um momento em que é preciso bater na mesa. No momento da primeira denúncia, o Brasil precisava se restabelecer e agora estamos saindo da crise e notadamente a economia descolou da política.
O senhor não teme represálias?
O governo vinha fazendo ameaças. Não tem problema. Não nasci em noite de tormenta e nem tenho medo de cara feia. E eu venho cobrando do governo verba para BR-280 e 470 há tempo. Falo, cobro, faço reunião, mostro dados. Mas para Santa Catarina tudo é difícil. Nunca tem dinheiro. Fazem o mínimo, para não dizer que a obra parou. Engraçado que para o Dória tem dinheiro, para o Rio de Janeiro fizeram uma plano especial, agora para uma agenda de eventos vão ser R$ 200 milhões. Não pode ser assim, os catarinenses sempre ficam no prejuízo.
Deputado, uma das leituras que se faz é que o placar mostra que o governo Temer não vai ter voto para aprovar a Reforma da Previdência.
Isso eu venho falando faz tempo. E vem cá, será que esses deputados que estão aí têm legitimidade para fazer alguma mudança? Será que não é mais prudente esperar? Que reforma é essa que o governo quer fazer? O governo encaminhou o debate errado, misturou números. Não podemos prejudicar o trabalhador comum, o que precisa ser feito é acabar com os privilégios. Esse debate precisa ser feito de maneira franca com a sociedade, não assim. E a eleição é um bom momento para isso.
É mais fácil aprovar a Reforma Tributária?
Sim, é mais fácil. Em tese, ninguém é contra, mas vamos ser sinceros, o diabo mora no detalhe. A hora que começar a esmiuçar isso, vai ter prefeito que acha que o município tem que ter mais verba, vai ter governador querendo mais e é preciso saber de onde vão vir os recursos. O primeiro debate que precisa ser feito é qual o tamanho ideal do Estado, qual o resultado dessa conta e de onde vão vir os recursos. Mas acredito que possa ser feito algo para desafogar a economia e preparar o caminho para 2018.
Como anda o debate sobre a eleição, seu nome foi definido como pré-candidato do PMDB?
Tranquilo, muito tranquilo. Não temos divergência, mas falta um ano ainda. O PMDB de Santa Catarina foi construído na luta e é por isso que temos que lutar por mudanças nacionais no partido. Não podemos deixar que um filiado de Corupá, de Jaraguá, nosso se envergonhe por culpa de meia dúzia.
Fonte: https://ocponline.com.br/noticias/plenario-eu-ja-estava-dando-recado-da-insatisfacao-justifica-mauro-mariani/