domingo, 29 de abril de 2012

PCdoB e PT lançam Jean como candidato à Prefeito

PCdoB e PT lançam Jean como candidato à Prefeito


Depois da desistência do candidato pelo PMDB Antídio Lunelli, as peças se reajustam no tabuleiro eleitoral.

Extraído AN - 28 de abril de 2012. | N° 1477

POLÍTICA

Leutprecht é o pré-candidato da aliança PCdoB, PT e PHS

O vereador Jean Leutprecht foi escolhido como o pré-candidato do PCdoB para concorrer à Prefeitura de Jaraguá. O anúncio foi feito no final da noite de ontem, depois de uma reunião com integrantes da executiva do partido e dirigentes do PT e PHS. As duas siglas firmaram apoio para disputar a campanha em uma aliança com o PCdoB.



Cabe agora aguardar os novos lances sobre o tabuleiro que já apresenta 7 peças com pretensões de ocupar a casa do rei. Além do PCdoB/PT já lançaram candidatos as chapas: DEM/PSDB - PP, PR, PDT e os partidos da base aliada da situação: PSD, além do próprio PMDB que deve definir um novo nome para apresentar aos eleitores.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Relator vota a favor de cotas


Extraído AN - 26 de abril de 2012. | N° 1475

UNIVERSIDADE

Relator vota a favor de cotas

Reserva de vagas é constitucional, diz Lewandowski. Sessão será retomada hoje

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, votou pela constitucionalidade da reserva de vagas em universidades públicas com base no sistema de cotas raciais. O magistrado é relator do processo ajuizado pelo DEM contra o sistema de cotas raciais da Universidade de Brasília (UnB). Após o voto de Lewandowski, a sessão foi suspensa e será retomada hoje à tarde.

De acordo com o relator, os programas de ação afirmativa têm como finalidade acabar com o sentimento de discriminação por pertencer a determinada raça. “Não basta não discriminar. É preciso viabilizar. A postura deve ser, acima de tudo, afirmativa. É necessária que esta seja a posição adotada pelos legisladores. A neutralidade estatal mostrou-se, nesses anos, um grande fracasso.”

Para o ministro, o reduzido número de negros e pardos que exercem cargos ou funções de relevo na sociedade resulta de uma discriminação histórica. “Os sistemas de cotas, em sociedades onde isso ocorre, são uma forma de compensar essa discriminação culturalmente arraigada e praticada de forma inconsciente.” Ele acredita que a instituição das cotas na UnB faz com que o ambiente acadêmico seja mais diversificado.

Segundo a ação proposta pelo DEM, o sistema de cotas viola preceitos da Constituição. Para o partido, vão ocorrer “danos irreparáveis se a matrícula [na universidade] se basear em cotas raciais, a partir de critérios inconstitucionais”.

A UnB foi a primeira universidade federal a instituir o sistema de cotas, em 2004. A política de ação afirmativa faz parte do Plano de Metas para Integração Social, Étnica e Racial da UnB e foi aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da instituição.

Para seu filho er: O sistema de cotas é...
... A política de ação afirmativa ou sistema de cotas é um critério para a entrada nas universidades que reserva parte das vagas para candidatos negros ou que não têm dinheiro para pagar o curso. Hoje, muitas universidades utilizam o sistema de cotas.

... Cada universidade tem liberdade para decidir como vai utilizar as cotas. O jeito mais comum é reservar parte das vagas para alunos que se declararem negros ou que cursaram o ensino médio em escolas públicas.

... O assunto é motivo de discussão, pois estudantes que tentam uma vaga na universidade e que não são negros nem estudaram em escolas públicas muitas vezes se sentem prejudicados, dizendo que todos têm direito de competir de igual para igual.

... Por isso, o tribunal de Brasília (Supremo Tribunal Federal) está discutindo o assunto. A partir desse debate, essa forma de entrar na universidade pode mudar.

Cartum Quino - Moderna Educação Infantil


Três cartuns - Dem - Demóstenes e Cachoeria

Os cartuns são do artista Kaiser - Extraídos de seu Blog - Blog do Kaiser



quarta-feira, 25 de abril de 2012

Estado de barbárie, mas um bocado pior


Por Jeison Giovani Heiler


Publicado no ANotícia - 25/04/2012

Estado de barbárie

Um fato que traz em si não somente a violência dos indivíduos que dele tomaram parte como coparticipantes chamou a atenção da região nos últimos dias Na verdade, na sua execução, ele mobiliza a violência de toda uma sociedade. Trata-se da aplicação de uma pena baseada no princípio de Talião afastado das legislações modernas ocidentais deste a antiguidade. Não somente isto. Trata-se do julgamento e execução desta pena em forma ainda pior do que antiguidade, quando os indivíduos tinham ainda o direito ao julgamento e à defesa, o que não houve no caso. Ocorreu que dez indivíduos, protegidos sob o manto de capuzes que utilizavam, capturaram à força um outro indivíduo e sob a acusação de que este último seria o autor da prática de furtos deceparam-lhe uma das mãos.

Este é um fato que poderia ser analisado e compreendido como bárbaro por muitas vertentes. Do ponto de vista jurídico, é desnecessário dizer que pode constituir inclusive crime de tortura. Para dizer somente o mínimo. Mas não é a análise jurídica a que mais interessa aqui. Este fato carece de um olhar antropológico e sociológico. Como explicar que a reação á violência é ainda mais violenta. Como explicar o fato de que, a esta altura, provavelmente a maior parcela da população esteja aplaudindo estes sujeitos encapuzados. Necessário dizer, com algum prazer primitivo de vingança realizada.

É fato que a violência é um fenômeno crescente nas sociedades modernas. Mas isto não pode justificar em nenhuma hipótese que retornemos à barbárie. Este fato noticiado largamente pela imprensa é digno de um grupo de indivíduos peludos, arqueados, e que não mais faziam do que balbuciar e grunhir quando ainda habitavam cavernas e mal dominavam o fogo.



Ocorreram algumas coisinhas na história destes indivíduos de lá pra cá. Dentre as quais o fato de que aprenderam a se barbear e a tosquiar os cabelos. Também o fato de que desenvolveram uma série de signos utilizados para que estes indivíduos possam empreender algum tipo de comunicação mais sofisticada. Além disso desenvolveram a moeda e desde que ela foi inventada estes homens admitiram que pudesse ser acumulada.

Claro, ocorreram muitas outras coisas de lá pra cá. Mas para não transformar esse artigo numa aula de história fiquemos com apenas estas três coisinhas. Quanto ao advento do barbeador, da tesoura e da navalha, é um invento que embora nos proporcione algum conforto, seria dispensado por estes indivíduos sem grandes sofrimentos (talvez até mesmo por isso utilizavam capuzes). Da mesma forma, os signos desenvolvidos com grande nível de sofisticação para que os seres humanos pudesse empreender algum tipo de comunicação tornar-se-iam obsoletos com extrema facilidade. Contudo, estes homens jamais seriam capazes de admitir a vida sem o dinheiro e sua possibilidade de acúmulo.

Assim, o que nos faz diferentes, de verdade, dos selvagens de outrora, é o mero fato de que somos incapazes de viver sem o dinheiro. Apenas isso. O fato noticiado abaixo deixa claro que esses indivíduos não se importariam muito em andar pelas ruas com os pelos abundantes. Tampouco se importariam com a supressão completa e absoluta de qualquer espécie de linguagem que pudesse fazer com que os indivíduos se comunicassem.

É pois, um estado de barbárie, mas um bocado pior.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Não tenha medo de faltar ao trabalho


Extraído: Batata sem umbigo

HOMOGENIZAÇÃO/GLOBALIZAÇÃO CAPITALISMO

Extraído: ALDEIA GAULESA

Frutas Podres


Frutos Podres

Por: Aline Maíra Schmidt - Acadêmica Curso de Moda - Catolica de Jaraguá do Sul - SC



Basta um fruto podre para estragar todo o balaio” já alertava o antigo dito popular sobre a influência e a proximidade das más companhias, além de suas prováveis consequências. Nem só de bons frutos vive esta pátria, gente honesta, cidadã e compromissada com seus direitos e deveres. Vive também de frutos podres, frutos que surgiram aos poucos e foram corrompendo os demais gradativamente, e porque não, significativamente. 

O que quer se destacar aqui é que as coisas não surgem do nada, assim como, não desaparecem do nada. A corrupção que se vive hoje é consequência de um efeito dominó que necessita ser contido. Porém, é preciso se livrar do individualismo para poder se tornar parte de um ideal coletivo. Afinal de contas, a sociedade não é formada por um indivíduo apenas. E é por isso que os problemas de uma sociedade também não podem ser solucionados por uma pessoa apenas. Soluções são sugeridas e podem ser encontradas algumas cá e outras lá, propostas por estudiosos, por simpatizantes da política, por estudantes...

Mas o fator que realmente é preocupante é o método de aplicação destas soluções. Num mundo tão sistemático e cheio de metodologias nos vemos de mãos atadas diante de um problema com tamanha dimensão. Conscientização, movimentos e manifestações parecem muito superficiais e pouco eficazes. As leis contra a corrupção são escancaradamente burláveis e as punições, essas nem existem. 

É desmotivante, nojento e inútil lutar por um ideal num país em que se tem certeza de que a impunidade reinará soberana. É por essas e outras que a ‘questão corrupção’ segue sem resposta, justamente porque nada se aplica. E para aqueles ingênuos que pensam que os corruptos não dormem por conta do peso de suas consciências, acredite: isso é uma grande bobagem!

 Quem não dorme por causa de consciência pesada é gente mal resolvida. Porque corrupto que é corrupto mesmo (especialmente na política) dorme é muito bem, obrigado! Em lençóis de fio egípcio, em sua casa de descanso (possivelmente de frente para o mar) rodeados de familiares e muita fartura incluindo o tão cobiçado uísque importado.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Konell Sob investigação

INVESTIGAÇÃO

Viagem à Capital sob suspeita
Visita de Ivo Konell à Secretaria de Planejamento é analisada pelo MP

Extraído: Jornal A Notícia - 18 de abril de 2012. | N° 1467

O promotor Ricardo Viviani de Souza, de Jaraguá, que trata de assuntos ligados à moralidade administrativa, investiga o comportamento do ex-secretário de Administração Ivo Konell em relação à Prefeitura.

O inquérito civil público, instaurado em 16 de março, foi motivado por denúncias levadas até o órgão e são amparadas nas informações apresentadas pela imprensa de que o ex-secretário estaria agindo em nome da atual administração, sob o consentimento da prefeita Cecília Konell. A investigação no inquérito também recai sobre a líder do Executivo.

Na semana passada, o ex-secretário esteve em Florianópolis, na Secretaria de Planejamento, para tratar questões referentes à discussão sobre a posição da antena de uma rádio no morro da Boa Vista.

Promotor diz que questão não é novidade

“Eu tive conhecimento pelo jornal de que ele estaria tratando de assunto do município e isso causou estranheza”, disse o promotor de justiça.

O representante do Ministério Público afirma que, apesar de ter tido conhecimento pela imprensa, a questão não é novidade. Por isso, o inquérito foi instaurado há pouco mais de um mês. Ele disse que o objeto da ação apura a suspeita de ilegalidade do exercício de função pública por parte de uma pessoa que não está nomeado para ocupá-la.

“Estamos investigando também a possível inércia da prefeita Cecília Konell ou a omissão dela em deixar que isso aconteça. Porque foi ela mesma quem exonerou, como também não mais o nomeou para o cargo”, afirma o promotor.

Para ele, não existe lógica alguém que tenha sido exonerado continue a exercer o cargo. “E, principalmente, de que o chefe do Poder Executivo permita que isso aconteça”, ressaltou Souza.

diego.rosa@an.com.br

DIEGO ROSA

Convite foi feito pela prefeita

A prefeita Cecília Konell disse que o pedido para o ex-secretário de Administração Ivo Konell ir a Florianópolis, na Secretaria de Planejamento, para tratar da questão do limite com Massaranduba, foi baseado no conhecimento que ele tem sobre o assunto.

Segundo a Prefeitura, dois decretos, um de 1987, quando Ivo Konell era secretário de Administração, e outros de 1989, quando ele era prefeito, abordam que o morro da Boa Vista, fica em uma área de interesse social, sob responsabilidade da administração de Jaraguá e que o município é que decretou o local como apropriado para a implantação de projetos turísticos e a instalação de antenas de radiodifusão e telecomunicação.

Na semana passada, a prefeita afirmou que Ivo foi à Capital porque ela pediu para ele ir debater o assunto em nome dela. “Ele foi me representar”, disse. Questionada se o ex-secretário tinha autonomia para isso, a prefeita informou que ele foi como marido dela e não como integrante da Prefeitura.

Cecília ressaltou que por causa da polêmica sobre os limites e para defender os interesses de cidade, foi solicitado ao ex-secretário para que fosse à Secretaria de Planejamento. Ontem à tarde, a prefeita foi procurada, mas estava em reunião no gabinete. Konell disse que levou os documentos na Secretaria de Planejamento como cidadão para alertar sobre a questão da definição sobre os limites com Massaranduba e que podem prejudicar o município.

A Prefeitura acusa o prefeito de Massaranduba, Mario Fernando Reinke, de autorizar indevidamente a instalação de equipamentos de uma rádio. “Eu conheço esse assunto profundamente. Essa é uma questão que qualquer um pode denunciar”, destacou Konell.

SAIBA MAIS:

O inquérito civil é uma investigação que o Ministério Público instaura com base em denúncias sobre determinada suspeita de irregularidade. No processo, o promotor ouve testemunhas sobre o assunto. Caso haja comprovação da ação, a investigação é encaminhada para a Justiça avaliar. Se for acatada, o inquérito vira uma ação judicial.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Reforma do Código Penal Brasileiro

Propostas estão sendo discutidas e ainda terão que ser votadas pelo Congresso
Nas últimas semanas, a comissão de juristas formada pelo Senado em outubro do ano passado vem discutindo propostas de mudança ao Código Penal Brasileiro (CP), que deverão ainda ser votadas pel oCongresso Nacional antes de se tornarem leis. Na última quinta-feira, dia 12, o STF votou a favor da descriminalização do aborto em casos de anencefalia (quando há má-formação do cérebro do bebê, levando à morte logo após o parto). 
A comissão tem até o dia 25 de maio deste ano para finalizar as a preciações e apresentar a proposta, em forma de projeto de lei, de um novo código penal condizente com a realidade criminal do país. Criado durante o Estado Novo sob a presidência de Getúlio Vargas, o texto de 1940 ainda pune, por exemplo, quem vai a um restaurante sem ter dinheiro para pagar.
As discussões que estão sendo feitas tratam da parte geral do código, da parte especial- que trata dos crimes e das penas, e da chamada legislação extravagante que, apesar de tratar de crimes, não fa zparte do código. Além disso,existe uma desproporcionalidade nas punições. Para ocrime de falsificação de cosméticos, por exemplo, a pena mínima é de dez anos. Mas para o crime de homicídio, a mínima é de apenas seis.
Para o advogado e professor de Direito Penal da Católica de Santa Catarina, Mario Cesar Felippi Filho, já era hora de o código passar por uma grande reforma. “Da forma como o CP se encontra hoje, além de estar desatualizado, ele também está bastante retalhado”. Felippi explica que o texto vem sofrendo alterações pontuais de tempos em tempos, mas que nunca foi feita uma reforma geral. “Existem muitas leis cujos artigos foram revogados [invalidados],mas mesmo assim eles continuam aparecendo no código”.
As emendas, como são chamadas as alterações eventuais ao código, tratam de crimes que não eram previstos em 1940,como o de assédio sexual, que foi incluído em 2001, e o aborto, incluído em 1984. Sobre os crimes de internet, consequência da evolução tecnológica recente, Felippi acredita que será mais difícil de tipificá-los.“Acho que depende muito de cada caso, porque alguns delitos podem ser enquadrados como estelionato ou fraude. A internet seria apenas o meio como o crime foi cometido”.
Outra situação que deve ser analisada, segundo o advogado,é o caso de eutanásia. “O código penal hoje ainda não tem previsão específica par ao caso, ele acaba se encaixando em outros tipos de crime, como homicídio privilegiado.”A dificuldade de encaixar os crimes atuais nos já existentes é uma das razões pela qual o Código Penal Brasileiro está sendo reformado, em que está sendo considerada a criminalização do terrorismo, enriquecimento ilícito e jogos de azar.
Confira algumas propostas já em andamento:
Aborto - É considerado crime desde 1984. Prevê detenção à mulher nos casos de auto-aborto e aborto consentido, e detenção a quem praticar o aborto com ou sem o consentimento da gestante. Não é punível quando a gravidez gerar risco de morte à mulher ou for resultante de estupro. Com a proposta, o aborto também será liberado nos casos de anencefalia (quando há má-formação do cérebro do bebê, levando à morte logo após o parto).
Eutanásia - atualmente é enquadrada como homicídio comum, com penas que podem chegar a 20 anos de prisão. Com a proposta, ganharia um tipo penal próprio e teria como pena máxima quatro anos de detenção. Mas caso fique comprovado por dois médicos que o paciente, acometido de doença grave e quadro irreversível, esteja sendo mantido vivo artificialmente, a pena poderá ser perdoada.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Mudar o mundo sem tomar o poder? Diálogo entre John Holloway e Enrique Dussel

Mudar o mundo sem tomar o poder? Diálogo entre John Holloway e Enrique Dussel


Extraído: Blog Passa Palavra

O debate entre Holloway e Dussel ocorreu no contexto do Primeiro Encontro do Bom Viver realizado na cidade de Puebla, México, na segunda quinzena de março [...] consideramos relevante agregar parte da apresentação do autor boliviano Luis Tapia, quem participou da mesa Estado, sobre a relação entre movimentos sociais e o governo de Evo Morales nesse país. Por Bruno Miranda. 


A mesa, intitulada Mudar o mundo sem tomar o poder?, fez parte do eixo temático Poder e foi também acompanhada de outras mesas cujos eixos temáticos foram Estado, Violência e Autonomias. Os dois autores já tinham se encontrado em 2004 no México dois anos depois da publicação de Mudar o mundo sem tomar o poder, de Holloway. Trata-se, pois, da continuação do debate sobre a mediação ou não do Estado em processos de mudança e revolucionários, assim como do papel que cumpre o Estado como instituição social. [1] Em virtude das referências que fizeram ambos os autores ao cenário político da Bolívia, consideramos relevante agregar parte da apresentação do autor boliviano Luis Tapia, quem participou da mesa Estado, sobre a relação entre movimentos sociais e o governo de Evo Morales nesse país.


Enrique Dussel

Dussel inicialmente chamou a atenção do público presente para a relevância da noção do Bom Viver, uma vez que é um conceito fundamental dos chamados povos originários da região, assim como tem tido presença em maior ou menor grau nos discursos dos governos da Bolívia, do Peru e do Equador. Segundo o pensador argentino, a análise dos povos originários “pressupõe uma ruptura epistemológica radical dentro do pensamento moderno e do marxismo, pressupõe uma descolonização epistemológica”. Nesse sentido, parafraseou o presidente boliviano Evo Morales, que, quando se refere à revolução supostamente em curso na América Latina, se refere a uma revolução “não violenta, sucessiva, não democrática, mas social-democrática, uma revolução cultural, não limitada às artes, mas num sentido integral que abarque toda a atividade humana: as atividades agropecuárias, a política, as relações sociais, até a economia”.
Entrando especificamente no debate sobre o poder, Dussel afirmou que “a esquerda em geral que tem criticado o poder, incluindo o Estado, não tem tido o cuidado de tratar o poder não como algo que se tem, mas como algo que se exerce e reside única e exclusivamente no povo, portanto não se toma, se fortalece ou se debilita. O poder do Estado é um poder delegado. Toda a América Latina, exceto Honduras, Chile, Colômbia, México, está em mãos de governos de centro-esquerda, ainda que seja cinco graus à esquerda, alguns mais outros menos, mas estão no poder. Então a responsabilidade do intelectual já não é só a crítica da política. Isso é fácil. É preciso passar ao “poder obediencial”, em palavras de Evo Morales e que também dizem os zapatistas ao mencionar o “mandar obedecendo”. O que fez Evo Morales foi governar obedecendo ao povo. A responsabilidade dos intelectuais hoje em dia é oferecer uma teoria positiva da política para os que exercem o poder em nome do povo, para iluminar os governantes. Como posso pedir a Evo Morales que dissolva o Estado? Claro, cuidado, é preciso saber o que significa. Isso é um postulado e um postulado é o que pode ser pensado teoricamente, mas empiricamente é impossível porque é uma ideia regulativa. Eu aceito, mas isso é uma ideia regulativa. O Estado não é essencialmente burguês”.

Para sustentar a ideia de que o Estado existiu antes da própria modernidade capitalista, Dussel tomou como exemplo o Egito (em outras ocasiões já utilizou o Império Inca como exemplo), já que foi uma realidade há mais de cinco mil anos, por ter tido uma classe e uma burocracia. Não era um Estado burguês, era um Estado tributário. Segundo o autor argentino, “o Estado não é mais que uma instituição. O problema é como se lida com ele. Não podemos ser ingênuos: não é tão fácil administrar o Estado ou se responsabilizar por ele; é preciso redefini-lo e interpretá-lo de outra maneira; é preciso estar atento e rejeitar a concepção liberal do Estado que nos mantém como meros indivíduos isolados mediante um contrato […] se não aceitarmos o indivíduo e no seu lugar existir a comunidade, estaremos rejeitando o Estado liberal desde o princípio. Eu não parto do Estado liberal e burguês, mas preciso sim de uma macro-distribuição que seja poder obediencial a mando do povo. A dissolução do Estado como organização empírica e mediada é muito próxima da proposta de [Robert] Nozick, da extrema direita, para que o Estado esteja nas mãos das transnacionais e da iniciativa privada. Para que precisamos do exército? Temos mercenários. Para que precisamos da polícia? Temos segurança privada. Isso diz a extrema-direita…e diz a extrema-esquerda também”.

Portanto, “uma coisa é a dissolução do capital e, além disso, a construção de um novo sistema, e outra coisa é a dissolução do Estado e a desaparição da política. E foi a posição de Marx. Dentro do socialismo real, no começo eu achava que o problema era Stalin, depois percebi que era de Lenin e depois que era do próprio Marx. Marx tinha uma visão negativa da política. E tinha uma visão positiva do social. O elemento econômico-social é fundamental, mas a sociedade tem que bombardear o Estado”. Seguindo a mesma linha de pensamento, Dussel indica um problema: “depois da revolução, começa a batalha da política e começa a verdadeira discussão. Daí começa a se falar de democracia, participativa e representativa, ambas articuladas. Não pura participação, porque se gera caos. E não pura representação, que está corrompida em todo o mundo, mas a representação que é julgada a partir da participação. No bairro, nas assembleias de bairro, aí tem democracia direta, nos reunimos cara-a-cara, discutimos a questão da segurança comunitária, do esgoto, da luz elétrica, tudo. Mas quando passamos ao município, já tem que haver uma organização participativa-representativa. Se necessita certa profissionalização do político. O perigo é a burocracia, pior que isso, é inevitável”.

Em sua primeira intervenção, o argentino concluiu que “a experiência liberal, a experiência europeia, norte-americana, não serve para nós. Temos que partir da experiência do que nossas revoluções estão construindo. Temos que ser muito duros quando nos propõem doutrinas que não foram descolonizadas epistemologicamente e que ainda acreditam na modernidade, e não enxergam além da modernidade, como nos mostra o “bom viver” dos povos originários”.

John Holloway
Holloway tem um ponto de partida radicalmente diferente. O acadêmico irlandês disse que sua visão do Estado atual, baseado no capitalismo, está provocando “um tsunami de destruição e morte e essa dinâmica está chegando a proporções que ameaçam a existência da humanidade, por estar baseado na injustiça, na violência e na exploração, coisa que é visível no campesinato, na destruição das cidades, das terras pela atividade mineira e na própria crise mundial. Se quisermos entender a sociedade e o que está acontecendo com ela, então temos que começar com a categoria de capital, não como uma categoria econômica, mas como um conceitualização dinâmica do assalto em que nos encontramos. O problema para nós não é só como melhorar os níveis de vida de muita gente – o que é importante – mas o mais importante é romper com essa dinâmica de morte. Será que já não podemos? Eu me rejeito a aceitar a destruição da humanidade”.

Para ele, “o Estado não é qualquer instituição. O Estado é uma forma de organização social que se desenvolve historicamente e que tem duas características fundamentais: de excluir ou expropriar e de reintegrar. Quero dizer com isso que o Estado é um produto do desenvolvimento histórico. Com o desenvolvimento do capitalismo, se desenvolve o Estado, como instância amparada na lei, amparada nos capitalistas, amparada no econômico pela primeira vez. E o mais importante é que o Estado incorpora em si mesmo uma separação entre a sociedade e a sua própria organização, isto é, o Estado é a separação de um grupo de funcionários da população. E desconfiamos da responsabilidade desses funcionários para organizar a sociedade, respeitando a separação do econômico e do político e obviamente o capital e os capitalistas”. Além disso, para Holloway, “o Estado capitalista moderno é essencialmente excludente e essa exclusão do resto da sociedade começa com as tradições, a linguagem, a forma de vestir, o comportamento de quem forma parte do Estado, com o único fim de controlar a vida social da população. Quando digo que NÃO através do Estado, não estou dizendo que a organização social não seja importante: é essencial, mas o Estado é uma forma de organização particular desenvolvida historicamente para excluir a população do controle social das suas próprias vidas. Minha impressão do processo boliviano é de uma revolução expropriada. Uma revolução que já não era propriedade dos revolucionários”.

Holloway agregou que “num segundo momento, o Estado nos reintegra, nos reconcilia com a reprodução do capitalismo, com a reprodução dessa dinâmica de morte. Simplesmente porque a existência do Estado depende da reprodução do capital. Para ter renda, o Estado, através dos impostos, depende da acumulação de capital, incluindo os salários dos professores universitários. Não quero dizer com isso que não se possa realizar mudanças significativas através das estruturas do Estado […] mas essas mudanças ocorrem paralelas à transformação do sujeito em objeto da política estatal, convertendo as vítimas em pobres, convertendo os rebeldes em cidadãos, afastando-nos da perspectiva de romper com a dinâmica do capital. Alguns líderes propõem a destruição do Estado burguês, mas propõem fazê-lo através da construção de um Estado comunal. Essa é uma expressão totalmente contraditória, porque o Estado exclui e a comuna inclui. Então, falar de Estado comunal ou de Estado soviético é ocultar uma contradição que temos que reconhecer. No caso da URSS, tratou-se de ocultar a supressão dos soviets, dos conselhos, das comunas”.

Dessa forma, “o Estado canaliza as lutas sociais. Obviamente isso nos deixa com o problema de que, se não for através do Estado, então como podemos mudar o mundo? A resposta ainda não sabemos. Por isso estamos aqui discutindo. Não temos as respostas, mas temos as experiências de pessoas que estão criando outra lógica de existir, viver e criar um Bom Viver […] Se o capitalismo é o “mau viver”, o “bom viver” é algo contrário a esse sistema que domina. É preciso ver as experiências e respeitá-las. E criticá-las, como forma de demonstrar nosso respeito. Ainda que possam parecer tontas, essas experiências estão cheias de fendas (gretas), de gente que diz NÃO a esse sistema. Existem milhões de formas de fazer isso”.

Réplica de Enrique Dussel

Em sua réplica, o autor argentino foi taxativo: “o problema da política é o poder, não a questão do trabalho. É o domínio sobre o trabalho que é exercido a partir do poder. Esse é outro problema. E outro problema que Marx não tratou. Marx não teve tempo de escrever outros três tomos sobre o Estado. Mas é preciso fazê-lo. Então, o tema do Estado não tem tanto a ver com a economia, mas com a política. A política determina a economia e vice-versa, mas não é a mesma coisa. O Estado por natureza não deve excluir. Exclui quase sempre quando se burocratiza e a burocratização é praticamente inevitável. Como se luta contra isso? Institucionalizando a participação pela primeira vez na história. Nunca se organizou a participação articulada à representação. A democracia liberal é puramente representativa. Leiam John Stuart Mill em 1860 em Observações sobre a democracia representativa”.

Ele rebateu as observações de Holloway sobre o Estado dizendo que não aceita a definição do Estado como essencialmente excludente. Dussel se pergunta: “qual o trabalho dos intelectuais? Trabalhar com movimentos sociais de base, dar suporte e auxiliar movimentos, mas eleições, governantes, etc., se diz que tudo isso está “corrompido por natureza”. Então, isso o intelectual não interpela. O que acontece então? Se são corruptos e não quero ser corrupto, não interpelo. Mas no final das contas os corruptos continuam trabalhando na política. A conclusão é que o México está destruído. A extrema-esquerda não quer se meter na política eleitoreira…e quem vai salvar o país? A extrema-esquerda acusa quem não entende de política, mas a entrega aos corruptos. E fazem isso com muita força, com o argumento moralista de que estão destruindo a política […] Não aceito essa visão negativa da política”.

Dussel abordou os movimentos sociais no México e indicou outro problema: “os movimentos mais honestos, mais idealistas, melhores, não estão dispostos a fazer política. Se não fazem política, estão entregando; e se entregam são responsáveis diante da história. A política é realismo com princípios éticos, deve ter alternativas anticapitalistas, tudo bem. Mas vamos solucionar o problema da política criando falanstérios a la Saint Simon? Criando grupos cooperativos em muitas partes do país e que somados todos consigam transformar o México? Nunca vão fazer isso. Nunca fizeram isso na história. É mais provável que 15 ou 20 grupos tenham uma ideia clara das coisas e façam política, façam que o povo participe e se organize e daí consigam uma transformação ao longo do tempo […] Vivemos um momento-chave no país. Se fosse só um problema teórico, não me entusiasmaria tanto, mas é um momento político real”.

Tréplica de John Holloway

Brevemente, Holloway mais uma vez sustentou que não entende quando se diz que o Estado não deveria ser essencialmente excludente. Segundo o irlandês, “parece realmente um liberalismo puro, mas é um liberalismo puro fora da realidade. Os mecanismos da democracia representativa excluem, um corpo de funcionários de tempo completo exclui necessariamente. Temos como desafio urgente apropriar-nos do mundo, ocupar o mundo como nos propõem os movimentos Occupy, não só como expressão da nossa dignidade como humanos, mas também como expressão da nossa responsabilidade. Porque realmente não tem sentido dizer que vamos assumir nossa responsabilidade entregando-a ao Estado, aos funcionários e aos políticos. Não tem sentido! Porque é isso o que o Estado nos habilita a fazer. No melhor dos casos, o Estado nos diz: “não se preocupem. Vão para casa e nós vamos nos ocupar dos problemas. Nós somos gente boa, somos profissionais. Não se preocupem! Não estou atacando López Obrador, nem Chávez, nem Morales. Estou dizendo que essa simplesmente não é a nossa política! Nossa política não é uma política de entrega de responsabilidades, mas de assumir nossa responsabilidade, de mudar o mundo a partir do lugar em que nos encontramos, aqui e agora de todas as formas que possamos! Trata-se de unir movimentos para criar um contra-tsunami para abrir outro mundo e um futuro para a humanidade”.

Os movimentos sociais em risco de reproduzir o capitalismo, alerta Luis Tapia [2]
Os movimentos sociais latino-americanos correm o risco de continuar reproduzindo a lógica capitalista e terminar controlado e dominando os operários, camponeses e indígenas que os integram. Esse foi o alerta feito por Luis Tapia, quem expôs o exemplo do atual presidente do país, Evo Morales, como alguém que chegou a esse cargo sob a bandeira do movimento indígena, mas que agora “se transformou no pior inimigo deles”.
Ele agregou que o caso da Bolívia é exemplar, pois os indígenas nesse país passam por um processo de substituição, e essa experiência deve ser levada em conta para evitar que aconteça o mesmo com outros movimentos sociais latino-americanos. Tapia afirmou que o caso de Evo Morales é especial porque o mandatário tem origem aymara, mas fez sua carreira numa região indígena quéchua. No entanto, em nenhum momento da sua vida política reivindicou sua origem indígena, porque fazia parte de um sindicato de produtores de coca.

Por isso, tinha uma identidade mais camponesa, que também nunca assumiu, inclusive antes de ganhar as eleições presidenciais no país. Quando chegou ao poder, isso mudou, porque no exterior foi criada a percepção de que era o primeiro presidente indígena, mas isso foi midiatizado porque convinha, apesar de Evo Morales nunca ter organizado assembleias indígenas; ele pertence a uma mestiçagem relacionada com o mercantilismo, não com a cosmovisão dos povos originários desse país.

Tanto assim que o Movimento Alternativo Sindical e o Movimento ao Socialismo, que é o partido de Evo Morales, por um tempo foram defensores da soberania nacional e num momento de crise dos demais movimentos sociais, a população boliviana votou no MAS. “O que aconteceu depois é que o MAS teve um projeto de monopólio do poder político, gerou uma nova burocracia política que tem origem popular (seus membros) foram dirigentes sindicais ou de algum outro setor, mas de origem aymara ou quéchua, o que lhes dá um forte poder simbólico, pretendendo monopolizar a representação dos indígenas mas afastando-os do governo”, indicou o acadêmico.

Atualmente o poder na Bolívia tem uma representação indígena. Alguns ministros foram “convidados” a ser ministros, deputados ou secretários, mas esse convite “vem de cima” e eles não são eleitos por uma base social e também não possuem vínculos com suas culturas”, destacou.

“O MAS boliviano se centrou na construção de um poder político, num Estado no sentido amplo, mas expulsou gradualmente os indígenas ao ponto de se enfrentar com eles”, afirmou Tapia. “E isso tem a ver com seu projeto econômico. Acho que hoje o MAS não é nem sequer um partido nacionalista porque seu plano de governo são hidrelétricas, represas e rodovias para conectar o Pacífico com o Atlântico e que favorecem fundamentalmente o capital brasileiro. O conteúdo do atual governo está subordinado ao Estado e à geopolítica do Brasil, e aí também não tem nacionalismo”, sublinhou.

Disse que a Bolívia também não é um Estado plurinacional porque, nos compromissos que o governo de Evo Morales consolidou com o Brasil, existe a intenção de conseguir poder econômico e político, mas de origem externa, nunca interna. “Há dois anos estamos enfrentando essa contradição: uma ajuda externa para o atual governo do Brasil e um distanciamento interno, o que tem feito com que o conteúdo do atual governo seja invadir territórios indígenas”, apontou.

Notas:
[1]
 Parte do diálogo entre Holloway e Dussel foi traduzido da página do evento.

[2]
 Texto de autoria de Javier Puga Martínes, integralmente traduzido .

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Juiz que ameaçou mulheres com revólver é aposentado por Tribunal

Juiz que ameaçou mulheres com revólver é aposentado por Tribunal
A aposentadoria foi por assédio moral; há denúncias de que o juiz falava palavras de baixo calão e gritava
O juiz da 7ª Vara Criminal da Capital, Adeildo Lemos de Sá Cruz, 63 anos, foi aposentado compulsoriamente, por assédio moral, por ampla maioria (11 votos a 3), em julgamento da Corte Especial do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJ-PE). Entre as denúncias de servidores que trabalharam com o juiz, constam palavras de baixo calão, gritos, castigos a quem lhe contrariava e intimidação com uma arma de fogo que ele mantinha, por vezes, pousada no seu escritório.
De acordo com o relator do processo administrativo disciplinar, desembargador Silvio Beltrão, cerca de 60 funcionários pediram transferência da 7ª Vara criminal nos últimos cinco anos, por não suportar os maus tratos e a pressão a que eram submetidos. "Uma funcionária chegou a se urinar dentro do escritório porque o juiz não lhe deu permissão para ir ao sanitário", afirmou Beltrão, para quem, com o seu "comportamento inadequado e incompatível com a sua função", o magistrado feriu a Lei Orgânica da Magistratura (Loman) e o Código de Ética da Magistratura.
Entre os abusos que teriam sido cometidos por Adeildo, também foi citado que ele desviava pessoas de seu trabalho para atender a pedidos pessoais. Um funcionário seria obrigado a lavar seu carro diariamente, enquanto outra funcionária tinha de comprar leite instantâneo para o seu cafezinho com o dinheiro da gratificação a que ela tinha direito. A uma servidora que o contrariou, ele obrigou a ficar de castigo, sentada defronte a uma parede em um canto da sala.
A decisão inédita de aposentar compulsoriamente um magistrado por assédio moral em Pernambuco é contestada pelos advogados de defesa do juiz, Carla e Roberto Lemos, que vão recorrer da sentença no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF). Eles alegam que os depoimentos não obedeceram ao contraditório - a defesa não estava presente - e que o juiz Adeildo Lemos de Sá Cruz não compareceu ao julgamento, ocorrido na segunda-feira (9), porque não foi informado da sua realização.
"O magistrado tomou conhecimento da sentença pelos jornais", afirmaram, ao garantir que o rodízio de funcionários na 7ª Vara Criminal foi de 26 funcionários - e não cerca de 60, como informou Beltrão. "Destes 26, quatro nunca chegaram a ser lotados na vara, outros quatro saíram porque passaram em concursos e três foram requisitados por desembargadores", disse Roberto Lemos.
Os advogados afirmaram que Adeildo Lemos de Sá Cruz é cardiopata. Ele sofreu um infarto em outubro de 2007 e passou seis meses de licença. O seu médico, Luiz Carlos dos Santos, diagnosticou cardiopatia isquêmica grave e recomendou aposentadoria por invalidez, que chegou a ser requisitada. Depois, sentindo-se melhor, o juiz resolveu continuar trabalhando. Com 22 anos de profissão, o juiz, como aposentado compulsório, deverá receber proporcionalmente ao seu salário. O processo contra ele teve início com a denúncia de uma funcionária à corregedoria do TJ-PE em 2010.
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/pe/juiz-que-ameacou-mulheres-com-revolvereaposentado-por-tribunal/n1597739281443.html

Democracia a dar com pau...


Fonte: Blog do cartunista Kaiser

Konéis não aceitam laudo sobre Antenas

12 de abril de 2012. | N° 1461

Extraído: Jornal ANotícia 12 de abril de 2012. | N° 1461A

CASO DA ANTENA

Briga ganha mais um capítulo
Cecília não aceita laudo que diz que equipamento está em Massaranduba


O resultado oficial da avaliação técnica da Secretaria de Planejamento do Estado sobre a localização da antena da DJ Comunicações (105 FM), no Morro do Boa Vista, não terminou com a polêmica que envolve as prefeituras de Jaraguá do Sul e Massaranduba. Segundo a Diretoria de Geografia e Estatística, o equipamento está em Massaranduba, mas a prefeita Cecília Konell não ficou satisfeita e vai pedir uma nova avaliação.

Embora tenha sido um pedido de Jaraguá, o laudo técnico da secretaria estadual foi entregue na terça-feira ao presidente da Associação dos Municípios do Vale do Itapocu (Amvali), Luiz Carlos Tamanini, e divulgado ontem pela entidade.

A prefeita de Jaraguá do Sul acusou o prefeito de Massaranduba, Mario Fernando Reinke, quando presidente da Amvali, em 2010, de autorizar a instalação do equipamento na antena da 105 FM para transmitir também o sinal da rádio Super Nova FM, embora a área, segundo Cecília, pertença a Jaraguá. “Eu conversei com ela (Cecília) hoje (ontem). A prefeita disse que tem a intenção de ficar na entidade”, diz Tamanini.

O levantamento técnico da secretaria pode provocar novas polêmicas. Segundo o documento, o bairro Rio Molha, que hoje pertence a Jaraguá do Sul, está no território de Massaranduba.

“Existe a divisa de direito, que é técnica, e o laudo aponta isso. E uma de fato, moldada por entendimentos antigos entre os prefeitos. Mas isso é uma questão que tem de ser resolvida entre os municípios”, opina.

Ainda falta o parecer da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) sobre a localização do equipamento.

diego.rosa@an.com.brDIEGO ROSA

12 de abril de 2012. | N° 1461A
CASO DA ANTENA
Prefeita pede novo estudo à equipe técnica


A prefeita Cecília Konell afirma que o município encaminhou ontem ao governo do Estado um novo levantamento para definir os limites entre os dois municípios. “Existem decretos na Prefeitura, de antigas administrações, sobre os limites. Há algumas observações que não são de conhecimento do público. E esses documentos foram encaminhados à Secretaria de Planejamento”, revela a prefeita.

Ela apresentou um decreto assinado em 1987, quando o marido Ivo Konell era secretário de Administração do prefeito Durval Vasel. Conforme o texto, por estar em Jaraguá, o Morro do Boa Vista, onde está localizada a antena, é de interesse social. A prefeita também apresentou outro decreto, de 1989, assinado pelo então prefeito Ivo. Nesse documento, é permitida a instalação de antenas de diferentes meios de comunicação. O documento determina que “cabe ao chefe do poder executivo municipal a decisão sobre empreendimentos da iniciativa privada”.

“Aquelas terras são da União. Não temos como legislar sobre essas terras. Mas fizemos esses documentos para legitimar o uso e isso foi autorizado, sem contestação desde aquele período”, ressalta Ivo.


12 de abril de 2012. | N° 1461
CASO DA ANTENA
“Espero uma retratação”
Entrevista/Prefeito Mario Reinke

Confiante de que o laudo apontaria que a antena da 105 FM fica em Massaranduba, o prefeito Mario Fernando Reinke (PSDB), espera que a prefeita Cecília Konell (PSD) apresente uma retratação pública.

Ele diz aguardar, no mínimo, um pedido de desculpas de Cecília pelo fato de ter insinuado de que ele estaria tomando decisões sobre território jaraguaense quando autorizou a instalação dos equipamentos na antena.

Reinke não descarta a possibilidade de ingressar na Justiça contra Cecília pelas declarações feitas à imprensa. Segundo Reinke, o posicionamento da prefeita teria prejudicado a imagem dele na sociedade. Esse assunto será avaliado pelo setor jurídico.

AN – Com a divulgação do laudo, o senhor pretende tomar alguma medida contra a prefeita Cecília Konell, que o acusou de ter permitido a instalação do equipamento na antena em área jaraguaense?

Mario Fernando Reinke – Eu tinha certeza, de quando assinei a autorização para a instalação do equipamento que antena fica em Massaranduba. A prefeita deu entrevistas falando que eu tinha de me retratar. Vou discutir com meu pessoal e advogados que ação vamos tomar. Talvez ela (prefeita) se retrate.

AN – O senhor espera esse posicionamento dela?

Reinke – Com certeza. Espero que essa retratação não seja uma nota pequena. Pedi cópia da declaração dela a rádio e agora a conversa será diferente. Essa discussão virou um assunto regional e estadual. Não ficou restrito a duas ou três pessoas. Vou aguardar uma posição dela e depois vou tomar uma decisão.

AN – O presidente da Amvali, Luiz Carlos Tamanini, disse que a confirmação de que a área pertence a Massaranduba pode revelar outras mudanças nos limites com Jaraguá. O senhor pretender pedir à Secretaria de Planejamento do Estado que aponte os limites?

Reinke – Agora, vamos buscar tudo que é de direito de Massaranduba. Eu estava esperando essa confirmação e, daqui para frente, vamos estudar as medidas que iremos tomar.


12 de abril de 2012. | N° 1461
CASO DA ANTENA
Ivo trata de assunto da Prefeitura

Embora Ivo Konell não esteja mais ligado à Prefeitura de Jaraguá, ele esteve na terça-feira no gabinete do Secretário de Planejamento do Estado, Filipe Mello, para conhecer o resultado do laudo. Cecília diz que ele foi representá-la porque o marido era secretário de Administração em 1987, e prefeito em 1989, quando foram assinados os decretos sobre o morro da Boa Vista.

“O Ivo foi porque pedi. Ele foi como ex-prefeito e conhecedor do assunto. Não como integrante da Prefeitura”, ressalta.

A prefeita acrescenta que só falará novamente sobre a polêmica da antena quando receber o novo laudo da Diretoria de Geografia e Estatística.
diego.rosa@an.com.brDIEGO ROSA

Mulher era mantida reclusa em quarto de boate em Guaramirim

Mulher era mantida reclusa em quarto de boate em Guaramirim

Extraído: Jornal ANotícia 13/04/2012

Mulher teria sido aliciada por cafetão e desde então vinha sendo mantida presa em um quarto

Depois da denúncia de uma mãe dizendo que a filha de 20 anos estava sendo impedida de sair da boate Styling, no bairro Corticeira, a Polícia Civil de Guaramirim esteve estabelecimento na tarde de quinta-feira. Os policiais foram averiguar a denúncia e encontraram a moça trancada em um quarto da boate.

Ela disse ao delegado Walter Santim que tinha sido aliciada por um suposto cafetão na cidade de Quedas do Iguaçu (PR), dizendo que iria contratá-la como atendente do bar. A mulher veio para Guaramirim com o filho de seis meses. Chegando na cidade, o suposto cafetão teria tirado o filho, entregue a outra mulher e obrigado a moça a se prostituir. No entanto, a mulher disse que em momento nenhum aceitou se prostituir e era agredida fisicamente.

Depois da ação da polícia, que também encontrou dois revólveres, 40 munições, colete à prova de bala, rádio comunicadores, 340 dólares e duas comandas que comprovam a prostituição.

A mulher foi liberada e voltou para o Paraná com sua mãe e o filho. A polícia prendeu em flagrante a gerente da casa e mais dois seguranças. O suposto cafetão até o momento não foi localizado.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

TRF4 - homem preso por engano receberá R$ 1 mi de indenização

TRF4 - homem preso por engano receberá R$ 1 mi de indenização

A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) concedeu indenização por danos morais e materiais de R$ 1.110.000,00 a cidadão catarinense que ficou mais de cinco anos na prisão por erro judiciário. O autor foi condenado por latrocínio com pena de 15 anos de detenção. Posteriormente, ajuizou revisão criminal e foi absolvido por ausência de provas suficientes.

A absolvição levou a defesa do autor a pedir indenização por danos morais e materiais. Conforme os advogados, a prisão indevida causou graves prejuízos na vida pessoal do autor, que era funcionário da Sadia e foi demitido, além disso não conseguiu formar-se em curso superior e nem casar-se. A defesa pediu R$ 110 mil por danos materiais e R$ 1,5 milhões por danos morais.

O pedido foi negado em primeira instância, o que levou o autor a recorrer ao tribunal. Após analisar a apelação, a relatora para o acórdão, desembargadora federal Maria Lúcia Luz Leiria, entendeu que se trata de responsabilidade objetiva do Estado, que deve zelar e garantir os direitos individuais.
Fico imaginando não só os danos pessoais, mas os danos físicos de alguém encarcerado no regime de reclusão nos presídios que nós conhecemos e sabemos dos problemas, das mazelas do nosso sistema prisional, também os danos psíquicos a que esse cidadão brasileiro se submeteu, considerou a desembargadora, que fixou a indenização por danos morais em R$ 1 milhão.
Um milhão de reais para a União em face do que ela recolhe de tributos não é nada, é uma gota d'água, é um grão de areia, mas para essa pessoa reiniciar de onde parou é importante. O autor carregará o estigma. Essa marca na psique do autor é o que me preocupa e, para formarmos bons cidadãos, temos de ser um bom Estado, concluiu. O relator originário ficou vencido apenas quanto ao valor da indenização por danos morais.

Fonte: Imprensa/TRF4

TRF4 - homem preso por engano receberá R$ 1 mi de indenização

quarta-feira, 11 de abril de 2012

O fim da greve que começou no banheiro

Extraído: Jornal ANotícia - 11 de abril de 2012. | N° 1459

GREVE NA TUPY

O fim da greve que começou no banheiro

Paralisação na Tupy acaba após reunião que decidiu por um aumento de 8% nos salários dos mais de 7 mil trabalhadores

A paralisação de 36 horas da Tupy, que terminou ontem e resultou em um aumento de 8% nos salários, começou com bilhetes trocados nos banheiros e vestiários da empresa. As primeiras conversas sobre uma possível greve começaram em janeiro.

Reclamações sobre problemas no ambiente de trabalho foram levadas inicialmente à Comissão Interna sobre Prevenção de Acidentes (Cipa). “Falávamos das nossas insatisfações nas reuniões da Cipa e nunca fomos ouvidos. Alguma vezes falavam em nos dar advertências caso continuássemos a reclamar”, revela um dos trabalhadores que liderou o processo de mobilização interna. Vendo que as reclamações não surtiam efeito, os trabalhadores começaram a trocar ideias por meio de bilhetes que eram colocados nos banheiros e vestiários.

“Deixávamos uma lista perguntando quem era a favor de fazer uma greve para reivindicar melhoria dos salários e do ambiente de trabalho. O pessoal escrevia na lista o nome e o turno em que trabalhava. Quando contamos um número forte o suficiente para fazer o movimento, começamos a organização”, diz o operário.

Os funcionários afirmam que os banheiros estampavam murais para a comunicação. O ritmo de trabalho nas máquinas era intensificado para que não houvesse oportunidade de conversa durante o expediente. Depois das listas de adeptos da greve, começaram os bilhetes para acertar o dia em que o movimento começaria.

A apresentação dos resultados da empresa à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na segunda da semana passada, foi o detonador do movimento. O faturamento de R$ 2,19 bilhões em 2011 (16,8% a mais do que no ano anterior) e os lucros de R$ 203,4 milhões (31,7% maiores) foram a senha. “Isto foi fundamental para o início da greve”, diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Genivaldo Ferreira.

Os funcionários do terceiro turno, que entraram às 5 horas de domingo, saíram de seus postos de trabalho por volta das 3h30 de segunda-feira, cientes de que os colegas do turno seguinte, que começaria às 5 horas, já estariam preparados para a mobilização. Começava ali a greve que surpreendeu a Tupy.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Amor


Desoneração da Folha - Governo Isenta mais 11 Setores de Contribuição ao INSS


Governo Isenta mais 11 Setores de Contribuição ao INSS


Para o câmbio, considerado instrumento de competitividade pelo ministro Mantega, "não são medidas específicas, mas uma ação permanente".


BRASÍLIA - O governo anunciou na manhã de terça-feira, 3, uma série de medidas de estímulo à economia dentro do plano Brasil Maior. Intervenção cambial e desoneração da folha de pagamentos são os destaques. Segundo o ministro da Fazenda, o pacote começa com ações no câmbio. "Não são medidas específicas, mas uma ação permanente", afirmou.


"Continuaremos a tomar medidas para o câmbio, que se tornou um dos principais instrumentos de competitividade entre os países. Todo país quer desvalorizar sua moeda para que suas mercadorias sejam mais baratas no mercado internacional" , afirmou o ministro. "Infelizmente o subsídio cambial não é considerado subsídio na Organização Mundial do Comércio (OMC). É uma luta que estamos levando", disse.
Segundo o ministro, a desoneração da folha de pagamento beneficiará mais 11 setores da economia brasileira (além dos quatro já contemplados no programa Brasil Maior - confecções, couro e calçados, tecnologia de informação e call center). A expectativa é que a desoneração anual chegue a R$ 7,2 bilhões. Nesse ano deve ficar em R$ 4,9 bilhões, já que a medida começa a valer a partir de julho. A desoneração prevê a eliminação da contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha de pagamentos.


Veja abaixo as demais medidas:


- Tributos para infraestrutura portuária e ferroviária serão reduzidos . Atualmente, o programa em vigor desonera do Imposto de Importacao, do IPI e do PIS/Cofins o investimento em portos e ferrovias, sem similar nacional e são desonerados apenas os investimentos destinados à movimentação de carga e treinamentos. A partir de agora, o programa será ampliado para incluir investimentos em armazenagem (galpões), proteção ambiental, tais como máquinas com melhor eficiência energética, sistemas de segurança e de monitoramento, tais como scanners. Mantega informou que o impacto fiscal estimado para 2012 é de R$ 186,3 milhões e, para 2013, de R$ 246 milhões.


- Postergação do pagamento de PIS e Cofins para indústrias afetadas pela crise. A medida vale para os setores de autopeças, têxtil, confecção, calçados e móveis. Com a medida, o pagamento de abril e maio deste ano será adiado para, respectivamente, novembro e dezembro. Atualmente, o PIS e Cofins são recolhidos no mês subsequente ao fato gerador (faturamento ou venda). Segundo dados apresentados pelo ministro, o valor total estimado para a arrecadação desses tributos é de R$ 670 milhões relativos ao mês de abril e R$ 727 milhões do mês de maio.


- Medidas de defesa comercial e barateamento do crédito aos exportadores. Mantega anunciou a criação da Agência Brasileira de Garantias (ABGF), do Fundo Garantidor de Infraestrutura e do Fundo Garantidor do Comércio Exterior. Eles serão criados a partir da união de recursos de vários fundos garantidores, que hoje operam sem alavancagem. Segundo informações do ministério da Fazenda, o total de recursos disponíveis poderá atingir até R$ 25 bilhões. A missão da ABGF será administrar os fundos garantidores e prover garantias para investimentos, exportações, pequenas empresas, setor aeronáutico, habitação social e crédito educativo. O objetivo, segundo o governo, é otimizar a administração e utilização dos recursos; concentrar o processo de concessão das garantias, com maior eficiência e redução do tempo de análise; aumentar alavancagem; e reduzir a necessidade de recursos do Tesouro Nacional.


- Incentivos ao setor de telecomunicações, sobretudo à indústria de semicondutores. Mantega disse que será criado o Plano Nacional de Banda Larga que vai triplicar a rede de 11 mil para 30 mil quilômetros até 2014. A renúncia fiscal para o programa é de R$ 461,5 milhões este ano e de R$ 970 milhões em 2013. O ministro também anunciou a prorrogação do programa Um Computador por Aluno até 2015 e está suspensa a cobrança de IPI, PIS, COFINS e Cide para fabricantes de computadores portáteis na aquisição de matérias primas.


- Aumento no volume de recursos disponíveis para financiamentos do Programa de Sustentação dos Investimentos (PSI) . Aporte será de R$ 45 bilhões do Tesouro Nacional para o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). É a quarta fase do programa, que tem foco no apoio ao investimento com ênfase na inovação. O prazo de vigência foi estendido até 31 de dezembro de 2013. E o valor equalizado adicional previsto é de R$ 6,5 bilhões. Também haverá redução nas taxas de juros, com prazos e coberturas maiores.


- Medidas relacionadas ao Novo Regime Automotivo. Objetivo é estimular investimentos das montadoras no Brasil. "Serão medidas no sentido de ampliar produção nacional, desenvolvendo tecnologia e engenharia no Brasil", afirmou Mantega.


- O pacote inclui ainda uma ampliação do leque de setores que serão beneficiados pelo mecanismo de compras governamentais, além de um apoio específico para as instituições que cuidam da atenção oncológica.
Crescimento . Mantega disse que o País está com média de crescimento de 4% do PIB nos últimos anos e "podemos crescer 4,5% este ano". Segundo ele, os emergentes também terão redução do crescimento em 2012. "O PIB da China, da Índia e da Rússia vai diminuir", afirmou. "O Brasil será um dos poucos que vai crescer mais em 2012", completou. De acordo com o ministro, o País está próximo do pleno emprego, mesmo com crescimento mais moderado. Mantega disse ainda que "ao final deste ano, deveremos ter dívida de 35,7% do PIB".


Fonte: estadao.com.br

As distorções do financiamento de campanhas

A discussão sobre o financiamento de campanhas no Brasil

Enviado por luisnassif, seg, 09/04/2012 - 09:28
Por Assis Ribeiro


Da Revista Fórum


As distorções do financiamento de campanhas

Sistema adotado no Brasil compromete a equidade da disputa eleitoral e concentra recursos nas mãos de poucos partidos

Por Wagner Pralon Mancuso e Alexandre Sampaio Ferraz*


As discussões sobre o projeto de reforma política que tramita no Congresso Nacional trouxeram novamente à tona o debate sobre o financiamento das campanhas eleitorais. Pelas regras atuais, os recursos para as campanhas podem ser doados por pessoas jurídicas e físicas, pelos próprios candidatos, e também ser obtidos de outras fontes, tais como a comercialização de bens e realização de eventos, fundo partidário e rendimento de aplicações financeiras.
Embora a legislação preveja uma variedade de fontes de financiamento, na prática, a realidade é outra. Concentração é a palavra que mais bem descreve o que ocorre no sistema de financiamento eleitoral.
Em primeiro lugar, as doações são concentradas pelas empresas. De acordo com dados do TSE, as pessoas jurídicas doaram cerca de 75% de todo o dinheiro que alimentou as campanhas eleitorais em 2010, para todos os cargos em disputa – nada menos que 2,2 bilhões de reais, num total de quase 3 bilhões.

Em segundo lugar, as doações são concentradas por grandes empresas e grupos empresariais. De fato, mais de 19 mil pessoas jurídicas doaram para campanhas em 2010, mas metade das doações foi feita por apenas setenta empresas ou grupos. Dentre os quinze doadores mais pródigos, responsáveis por 32,5% de todas as contribuições empresariais, encontram-se seis construtoras (Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, OAS, Galvão Engenharia e UTC Engenharia); três grupos financeiros (Bradesco, BMG e Itaú); duas siderúrgicas (Gerdau e CSN); uma mineradora (Vale); uma indústria de alimentos (JBS); uma empresa de comunicação (Contax, do grupo Oi) e uma indústria de bebidas (Leyroz de Caxias, do Grupo Petrópolis).


Em terceiro lugar, os empresários concentram suas doações nos grandes partidos. Vinte e sete partidos políticos apresentaram candidatos às eleições de 2010, mas as contribuições empresariais destinaram-se, sobretudo, aos três maiores: o PSDB, que recebeu 23,3% das doações (incluindo as feitas a todos os diretórios, comitês e candidatos do país); o PT, que recebeu 22,5%; e o PMDB, que recebeu 18,1%.

Esses dados se referem exclusivamente ao “caixa 1”, isto é, às receitas devidamente declaradas à Justiça Eleitoral. Mas é unânime o consenso de que também há o “caixa 2” – ou seja, recursos não declarados que entram e saem das contas de partidos e candidatos –, embora seja muito difícil quantificar o montante.

A concentração do financiamento eleitoral traz vários problemas para nosso sistema político. Vamos nos deter aqui sobre dois deles: a desigualdade de influência política e o viés que essa desigualdade pode imprimir no comportamento dos representantes eleitos.

A igualdade política é um princípio fundamental para qualquer país democrático. No Brasil, o princípio da igualdade política é estabelecido pelo caput do artigo 14 da Constituição Federal, segundo o qual “a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos”. 

A concentração das doações eleitorais em grandes empresas, grupos empresariais e indivíduos abastados coloca em risco a igualdade política. Os grandes doadores têm o poder de exercer muito mais influência sobre os resultados eleitorais do que os eleitores comuns – a imensa maioria da população –, que contam apenas com seu voto.

No Brasil, não é impossível eleger-se a cargos nacionais importantes sem apoio financeiro do empresariado. Prova disso é a eleição para a Câmara dos Deputados de candidatos comparativamente pouco financiados, tais como celebridades da TV, líderes religiosos e candidatos fortemente apoiados por segmentos sociais circunscritos, mas relevantes. No entanto, essas candidaturas mal financiadas e bem sucedidas são exceções e não a regra.

Por outro lado, numerosos estudos mostram que existe forte associação entre o volume de recursos investidos na campanha eleitoral e o número de votos obtidos. Os estudos evidenciam também que a relação entre os dois elementos é de mão dupla: candidatos com potencial eleitoral elevado atraem financiamento farto e o financiamento farto amplifica o potencial eleitoral dos candidatos.

Depois que os resultados eleitorais são proclamados, surge o segundo problema. Representantes eleitos que foram financiados podem retribuir os favores recebidos. Com isso, mandatos públicos podem ser usados para tratar dos interesses particulares dos financiadores de campanha. Enquanto isso, os assuntos de interesse público são relegados a um segundo plano.

É importante ressaltar que as consequências desta deturpação da representação política ocorrem não somente quando o mandatário atua de forma ilícita, (por exemplo, fraudando concorrências para beneficiar financiadores), mas também quando atua de forma lícita, porém ainda assim enviesada, para defender os interesses de seus financiadores nos processos decisórios que lhes afetam.

Financiamento público

Como vimos, a desigualdade e o viés colocam um grande desafio para a arquitetura institucional brasileira. Uma saída frequentemente apontada tem sido o financiamento exclusivamente público das campanhas eleitorais. Neste caso, a única fonte lícita seria o orçamento da União, e à Justiça caberia punir doadores e recebedores de contribuições ilegais, como de resto já deveria fazer hoje.

Os defensores do sistema atual criticam essa proposta, alegando que os recursos públicos deveriam ser aplicados em outras áreas, dada a enorme demanda por serviços públicos no país. Críticos da mudança do sistema também temem que a distribuição dos recursos privilegie exageradamente os partidos dominantes – algo que, como mostramos, já vem ocorrendo no sistema atual, não apenas com o financiamento privado, mas também com os recursos públicos destinados às eleições – sobretudo com o fundo partidário e o horário gratuito de propaganda eleitoral.

Uma saída alternativa seria estabelecer tetos mais baixos, em valor absoluto, para as doações de pessoas jurídicas e físicas. Hoje em dia já há tetos para as doações, mas estes são estabelecidos em valores relativos – 10% dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior à eleição, no caso de pessoas físicas; e 2% do faturamento bruto do ano anterior à eleição, no caso de pessoas jurídicas (Lei No. 9.504/97). O teto atual, bastante permissivo, viabiliza doações vultosas por pessoas jurídicas e físicas mais abastadas. A favor da adoção de tetos menores, inclusive para pessoas físicas, pesa o fato de alguns indivíduos milionários terem feito doações muito superiores à média das demais pessoas físicas. Entre estes destacam-se os empresários Guilherme Peirão Leal, candidato à vice-presidência na chapa de Marina Silva, que doou R$ 14.565.265,64 para campanhas do PV; e Eike Batista, que doou R$ 6.050.000,00 a diversos partidos, comitês e candidatos. O estabelecimento de tetos mais baixos para as doações eleitorais poderia combater os problemas da desigualdade excessiva e do viés, forçando os políticos a buscar apoio mais amplo e diversificado para suas candidaturas. Outra alternativa seria proibir a contribuição das pessoas jurídicas. Só quem vota poderia contribuir com as campanhas, e empresa não vota. Nesse caso, os empresários somente poderiam contribuir como pessoas físicas, dentro do limite estipulado pela lei.

Duas coisas, no entanto, estão claras. Qualquer medida para combater a desigualdade e o viés exigirá um esforço extra de fiscalização e de punição dos que agirem na ilegalidade. Envolverá também o barateamento das campanhas eleitorais, mantido ou não o número de candidatos que disputam as vagas. Isso significaria uma excepcional reversão de trajetória, pois nas mais recentes eleições brasileiras, o preço médio das campanhas bem sucedidas para cargos de nível nacional tem sido cada vez mais alto.

Wagner Pralon Mancuso é doutor em Ciência Política pela USP e professor da EACH-USP. Alexandre Sampaio Ferraz é doutor em Ciência Política pela USP e economista do Dieese