quinta-feira, 29 de junho de 2017

Depois de 14 anos presidente TEMER deixa de nomear o procurador mais votado na lista tríplice da PGR

Nomeação da nova Procuradora da República Raquel Dodge é a cereja do bolo no plano arquitetado do Golpe de Temer.

Depois de 14 anos presidente TEMER deixa de nomear o procurador mais votado na lista tríplice da PGR

O vencedor dos votos dos procuradores na lista tríplice para substituir Janot na PGR era Nicolao Dino veja aqui, mas TEMER não o nomeou. Motivo: ele é aliado de Janot que na última semana apresentou denuncia contra o presidente na Câmara por crime de corrupção e representaria a continuidade da Lava Jato nos exatos termos atuais.

https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/06/29/depois-de-atacar-pgr-temer-escolhe-procuradora-de-oposicao-a-janot.htm

Além disso Dodge é rival de Janot. Segundo a folha, em abril, Janot e Raquel Dodge discutiram publicamente durante uma reunião do CSMP (Conselho Superior do Ministério Público) devido a uma proposta apresentada por ela para restringir o trânsito de procuradores no MPF

Vale lembrar que o anúncio da nova procuradora ocorreu na noite desta quarta-feira (28), um dia depois de o peemedebista fazer um pronunciamento com duras críticas a Janot, a quem acusou de buscar "revanche, destruição e vingança" ao denunciá-lo sob acusação de corrupção.

Ao não acatar a indicação do mais votado na lista tríplice, o que passou a ocorrer desde 2002 quando o PT chegou ao poder, Temer retorna ao estatus da era FHC. 

para recordar como funcionavam as nomeações nos tempos de FHC vale ler a notícia abaixo da Carta Capital de 2012.  Link Completo Carta Capital

"Durante a era FHC seu procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, era conhecido pela alcunha vexaminosa de “engavetador-geral da República”. O caso mais gritante de corrupção do governo FHC, em tudo similar ao “mensalão”, a compra de votos para a emenda da reeleição, nunca chegou ao Supremo Tribunal Federal nem seus responsáveis foram punidos porque o procurador-geral simplesmente arquivou o caso. Arquivou! Um escândalo.

Durante a sabatina de recondução de Brindeiro ao cargo, em 2001, vários parlamentares questionaram as atitudes do envagetador-procurador. A senadora Heloísa Helena, ainda no PT, citou um levantamento do próprio MP segundo o qual havia mais de 4 mil processos parados no gabinete do procurador-geral. Brindeiro foi questionado sobre o fato de ter sido preterido pelos colegas numa eleição feita para indicar ao presidente FHC quem deveria ser o procurador-geral da República.

Lula por sua vez atendeu ao pedido dos procuradores de nomear Claudio Fonteles, primeiro colocado na lista tríplice feita pela classe, em 2003 e, em 2005, ao escolher Antonio Fernando de Souza, autor da denúncia do mensalão. 

Detalhe: em 2007, mesmo após o procurador-geral fazer a denúncia, Lula reconduziu-o ao cargo. Na época, o presidente lembrou que escolheu procuradores nomeados por seus pares, e garantiu a Antonio Fernando: “Você pode ser chamado por mim para tomar café, mas nunca será procurado pelo presidente da República para pedir que engavete um processo contra quem quer que seja neste país.”
 E assim foi."

segunda-feira, 26 de junho de 2017

É possível remunerar dirigentes do 3º Setor

É possível remunerar dirigentes do 3º Setor:

A proibição geral durou até 2002, quando ocorreu a primeira mudança legal — Medida Provisória 66/2002[1] — abrindo a possibilidade de organizações remunerarem dirigentes. No entanto, ela beneficiou apenas as entidades qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) ou como Organização Social (OS).
Somente mais de uma década depois, a Lei 12.868/2013 alterou a Lei 9.532/1997[2], passando as organizações não qualificadas como OSCIP ou OS também a ter permissão para remunerar seus dirigentes estatutários (ainda que então sujeitas a um ininteligível teto de 70% do limite de remuneração do funcionalismo público). A Lei alterou, ainda, a proibição de remuneração como requisito para gozo da isenção às contribuições sociais.
Mais recentemente, a Lei 9.532/1997 foi alterada novamente pela Lei 13.151/2015 e pela Lei 13.204/15. Dessa forma, as associações e fundações estão autorizadas a remunerar seus dirigentes, não mais subsistindo no ordenamento jurídico federal a proibição absoluta à remuneração como condição para o gozo de eventuais benefícios fiscais.

http://www.conjur.com.br/2016-mai-09/valeria-trezza-remuneracao-dirigente-vitoria-terceiro-setor

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Quadro Resumo Contratualismo

Boaventura fala sobre o papel do Judiciário no Brasil

Portugal criou uma "geringonça" que, ao contrário do que o nome sugere, parece estar funcionando bem.
"Geringonça" é o apelido dado à coligação de partidos de esquerda que tem governado o país na contramão das políticas de austeridade impostas a Portugal pela troica (FMI, União Europeia e Banco Central Europeu).
"É o único governo de esquerda da Europa que, de fato, governa à esquerda", avalia o sociólogo e economista português Boaventura de Sousa Santos, 76, professor da Universidade de Coimbra e entusiasta do que se tem chamado de "solução portuguesa", que parece já influenciar a vizinha Espanha.
Crescimento econômico, baixo desemprego e saldo da dívida pública recém-conquistados pela "geringonça" têm atraído curiosidade dos gigantes da União Europeia, que ventilam levar à chefia do Eurogrupo o ministro das Finanças do país, chamado pelo colega alemão de "Cristiano Ronaldo das finanças".
Sousa Santos veio ao Brasil falar sobre seu mais recente livro, "A Difícil Democracia" (Boitempo Editorial), no Salão do Livro Político.
Na entrevista abaixo, fala sobre a aliança das esquerdas portuguesas, os partidos do século 21 e o protagonismo do Judiciário na atual crise brasileira.
Folha - Como a falta de tensão entre capitalismo e democracia promove o que o sr. chama de democracias de baixa intensidade, caso de Portugal e do Brasil?
Boaventura de Sousa Santos - A democracia europeia, que se disseminou pelo mundo, entrava em tensão com o capitalismo na medida em que adotou direitos sociais e econômicos como universais, o que colide com o impulso da acumulação infinita do capital. Cria-se, assim, um capitalismo de rosto humano com tributação progressiva, gestão compartilhada e outras concessões que o capital fez a essa social-democracia para impedir que as classes populares se seduzissem pelo modelo que havia do outro lado do muro.
Quando o Muro de Berlim cai, não há mais alternativa. E começa um ataque aos direitos sociais e econômicos, que vemos hoje no Brasil, em relação às leis trabalhistas e previdenciárias, à saúde e à educação, e que na Europa são impostas pela troica.
Como as medidas de austeridade impostas pela troica influenciaram, para o bem ou para o mal, o bom momento que Portugal vive?
A intervenção seguia a receita neoliberal: cortes nas despesas de saúde e educação, restrição dos direitos trabalhistas e privatização da Previdência para retomar o crescimento econômico. O governo conservador que havia em Portugal implementou as medidas de forma ainda mais severa que aquela determinada pela troica.
Portugal entrou em recessão. O desemprego aumentou. Perdemos cerca de 10% do PIB em quatro anos. O desemprego chegou a mais de 15%.
O que se tem chamado de "solução portuguesa"?
Nas eleições gerais de 2015, a direita portuguesa estava coligada, e as esquerdas estavam divididas, mas decidiram se juntar a partir de convergências mínimas para não serem governadas pela direita novamente. A agenda era travar as medidas de austeridade.
O Partido Socialista se uniu ao Partido Comunista e ao Bloco de Esquerda e eles se tornaram maioria. E essa coisa extraordinária foi apelidada pejorativamente de "geringonça", nomenclatura que passamos a adotar com orgulho.
E o que fez a "geringonça"?
Tornou-se o único governo de esquerda na Europa a governar à esquerda. Promove o fim dos cortes em pensões e salários, reverte a precarização dos contratos de trabalho, torna o sistema fiscal mais justo, reforça a educação pública. E a economia começa a crescer. Neste momento, a economia portuguesa é uma das que mais crescem na Europa, mais de 2%. O desemprego está nos níveis dos anos 1990, 9%. O deficit público está a diminuir.
E os alemães começam a ter muita curiosidade com a "geringonça" portuguesa. Fizemos o contrário do que pregavam e começamos a obter os resultados que eles diziam que teríamos com as receitas deles.
E por quê?
Quem estudou capitalismo sabe que ele sobrevive desde o século 16 porque tem capacidade de adaptação extraordinária. Quando há uma resistência organizada, institucional, politicamente consistente, ele se adapta.
Hoje o ministro das finanças português, Mário Centeno, é chamado de "Cristiano Ronaldo das finanças" pelo ministro alemão [Wolfgang Schäuble]. Centeno está bem cotado para ser o presidente do Eurogrupo, que decide as finanças europeias.
A "geringonça" pode ser exportada?
Na Espanha, há o embrião de uma solução semelhante. As bases socialistas espanholas mandaram uma mensagem para a cúpula do partido de que querem uma aliança com as esquerdas e não com a direita.
A grande dúvida é se o Podemos não será sectário e aproveitará essa oportunidade para realmente tentar articular uma solução similar à portuguesa, que é moderada, não é confrontacional, está dentro da União Europeia e cumpre as diretivas europeias, que têm alguma flexibilidade. Portugal é 1% do PIB da Europa. A Grécia é 1%. Mas a Espanha são 8%. O cenário pode começar a mudar.
O senhor chama a União Europeia de "projeto europeu como ruína". Se não há projeto europeu, o Reino Unido fez bem em desembarcar da UE via "brexit"?
De fato, boa parte da esquerda europeia tem sido contra o euro e a UE. Quem domina Bruxelas é o neoliberalismo global. E o "brexit" foi um alerta porque se chegou à conclusão de que, se houver mais dois votos para a saída da UE, ela acaba. E os burocratas têm medo de perder seus empregos.
Qual a alternativa à UE?
A ideia é que as instituições europeias possam ser democratizadas. Sou daqueles que ainda pensam que a UE poderia ter força suficiente para controlar o capital internacional. Se não podemos controlar o capital financeiro global, se não podemos eliminar os paraísos fiscais, se não podemos tributar as transferências de moedas, não vamos nunca conseguir ter as democracias de alta intensidade no mundo.
Só para dar um exemplo, o caso de Portugal, que todos reconhecem ser de êxito no momento, tem os títulos do Tesouro no lixo por causa das agências de crédito. É uma posição política, não tem nada de econômico.
Como o Brasil se tornou refém dessas agências em pleno governo de esquerda?
A grande ilusão desses 13 anos de governo de esquerda [do PT] foi achar que era possível governar à moda antiga com outros objetivos. Isso foi possível por um tempo, graças a um contexto internacional, imposto pelo desenvolvimento da China, que criou um jogo de ganha-ganha: os mais ricos ganharam mais, os bancos nunca ganharam tanto, e os pobres levaram uma migalha –que é significativa, porque tirou 50 milhões da extrema pobreza.
Quando os preços de commodities declinaram, para continuar as políticas sociais emergenciais, como o Bolsa Família, ou tributavam-se os mais ricos, ou endividavam-se. E se endividaram. Aí perde-se a soberania, porque se passa a depender das agências de classificação e dos mercados financeiros.
Se quisermos reverter isso, temos de democratizar o sistema fiscal e o sistema político, para que o mercado econômico não possa interferir no mercado político.
Como se faz isso?
Os partidos têm de ser financiados pelo Estado. Senão nunca vamos resolver isso. Precisa-se criar um poder político totalmente separado do poder econômico.
Como devem ser os partidos do século 21?
Eles têm de ter democracia participativa interna, círculos de cidadãos que decidam quais as agendas e quais os candidatos. Prévias, primárias, consultas etc. É um partido-movimento, e o Podemos vai nesta direção. Vamos ter de revolucionar a democracia para salvá-la.
A corrupção no Brasil tem sido muito democrática, da direita à esquerda. Qual a saída?
Os diferentes setores dentro das classes dominantes começaram a se devorar uns aos outros quando perceberam que a corrupção não era só do PT.
A perda de hegemonia da classe dominante brasileira gerou um impasse. Será preciso um outro pacto, que eventualmente terá de ser feito por uma Constituinte. Não foi ninguém de esquerda que falou isso, senão o próprio [senador] Renan Calheiros [PMDB-AL].
Até uma eventual Constituinte, no entanto, o que fazer?
Num momento de impasse, os órgãos de soberania eleitos são todos deslegitimados, e o único que sobrevive é o que não foi eleito: o Judiciário, que tem de assumir algum protagonismo.
Há um Executivo que não governa, um Legislativo totalmente minado pela corrupção e um Judiciário que tem politizado a Justiça porque intervém politicamente desde o começo da Lava Jato.
Quais as vantagens e riscos desse protagonismo?
A vantagem é que ninguém gosta da corrupção e se luta contra ela. Mas essa luta tem de ser universal. E penso que a Lava Jato está cheia de vazamentos e ilegalidades que significaram uma seletividade política. Mas há outra coisa mais preocupante para mim que são os ministros do STF, que não se coíbem de tomar posições políticas.
Como o sr. avalia o julgamento da chapa Dilma-Temer feito pelo TSE?
O Judiciário perdeu a oportunidade para se afirmar como poder moderador e fator de estabilidade política num momento de impasse e de crescente polarização da sociedade brasileira.
*
RAIO-X
Nascimento
15 de novembro de 1940, em Coimbra, Portugal
Formação
Bacharel em direito pela Universidade de Coimbra, com doutorado em sociologia do direito pela Universidade Yale (EUA)
Cargos
Professor catedrático jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Distinguished Legal Scholar da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA)

terça-feira, 13 de junho de 2017

A drama da prostituição na Nigéria. Adolescentes vendem o corpo por menos de U$ 1 dólar.

O que explica o desespero da Globo? Família Marinho pede derrubada de Temer e aumenta turbulência política


A Globo nunca precisou manifestar por escrito suas posições para mover os cordões do poder. Dessa vez, deixou o roteiro – por escrito!

Desde ontem, estava claro que família Marinho, alinhada ao Partido da Justiça, deseja a rápida substituição de Temer por um governo “técnico” – que conclua as “reformas” e dê sustentação para a Lava-Jato concluir sua tarefa principal: impedir Lula de ser candidato.

Como afirmamos aqui: a Globo deseja “limpar” o golpe. Temer no poder cria uma dissonância: se Dilma foi afastada em nome da moralidade (grande mentira, sabemos), como se explica que uma gangue esteja hoje no controle do país?

A Globo nunca quis moralidade. O grande projeto é desregulamentar o mercado de trabalho, tirar direitos sociais e abrir o Brasil pra investimento estrangeiro. De quebra, a família Marinho poderia passar a empresa nos cobres, desde que a Lei de Telecomunicações seja alterada e a TV possa assim ser vendida a algum investidor estrangeiro.

Temer servia como operador dessa agenda – que foi rejeitada nas urnas. E por isso trata-se de um golpe! A vontade majoritária foi desprezada, e o programa derrotado 4 vezes no voto estava sendo implantado na marra.

Mas o timing da PF e da JBS acelerou as contradições, expondo de forma dramática a desagregação do bloco que deu o golpe. Numa linguagem mais “sociológica”, poderíamos dizer que desde 2013 o Brasil vive uma ampla “crise de hegemonia”. O bloco sob o qual Lula e Dilma governavam rachou, mas um novo bloco não conseguiu ainda impor sua hegemonia de forma desorganizada. É como se a disputa seguisse indefinida, agravando a crise e abrindo possibilidades para todo tipo de saída.

E aí entramos no segundo eixo desse editorial: o desespero. O tempo corre agora contra a Globo.

A Globo tem pressa. E se desespera. Porque as reformas já pararam. Se o único caminho para tirar Temer for o TSE, isso pode levar dois a três meses! Até lá, o clima nas ruas vai ferver. E a possibilidade de aprovar as reformas se evapora se tudo não estiver resolvido até agosto ou setembro…

Fora isso, a crise expõe mais e mais contradições. Agora Gilmar Mendes também aparece nas delações e pode ser submetido a impeachment, já que tramava com Aécio formas de influenciar votos no Senado.

Temer decidiu ficar, e expõe assim as contradições dos dois grupos golpistas: de um lado, a direita política, de outro o Partido da Justiça. O que unia os dois era derrubar Dilma e aplicar a agenda ultra-liberal.

Acontece que Temer, mais do que qualquer agenda, defende a sobrevivência dele mesmo e da gangue que o cerca.

A Globo ajudou a instalar no poder um grupo que vai permanecer ali o quanto puder, para garantir o foro privilegiado.

Seria fundamental, para a gangue midiática, instalar rapidamente um governo eleito indiretamente, para completar a destruição de direitos e acabar de abrir o país – inclusive parta investimentos estrangeiros nas comunicações. Mas no poder há outra gangue. Que vai usar todas as armas para resistir.

É curioso ver o editorial da Família Marinho invocar os interesses “dos cidadãos de bem”. Onde estavam esses “cidadãos de bem” quando a ditadura matava e torturava com apoio da Globo? Ou quando Collor arruinava o país com beneplácito da família Marinho? E quando FHC comprava a reeleição? Ou quando as empreiteiras e conglomerados privados enchiam as burras dos tucanos?

A Globo descobriu os cidadãos de bem recentemente?

Por isso, tenho aqui invocado a velha fórmula de Brizola: se a Globo está de um lado, fiquemos do outro!

Claro, não estou dizendo que devemos defender a gangue temerária. Mas apontando para duas questões: a esquerda e os movimentos populares vão servir de massa de manobra pra derrubar Temer, e na sequência ver a Globo instalar Carmen Lúcia/Meireles/Armínio Fraga no poder?

Para o campo popular, o melhor que pode acontecer é Temer ficar, expondo as contradições da direita liberal, esgarçando o tecido golpista. Que seja longa a agonia do governo golpista, expondo as vísceras do falso moralismo e dos tais “cidadãos de bem”.

Deixemos o “Fora, Temer” para os editoriais da Globo. Quem pariu mateus que o embale. A palavra de ordem do lado de cá já não é “Fora, Temer”. Mas “Diretas-Já” e “Parem as Reformas”.

Vamos pra rua pedir que o povo decida qual programa será implantado no Brasil. Ou seja, lutamos pela Democracia e contra o desmonte do Estado Nacional.

Enquanto isso, podemos até nos divertir um pouco com o desespero da Globo. E dizer: “Temer, resista!”

Temer deverá ser denunciado pela PGR e já articula na CCJ para que a denuncia não vá ao STF

Temer deverá ser denunciado pela PGR e já articula na CCJ para que a denuncia não vá ao STF

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/06/1892490-temer-tenta-acelerar-votacao-de-possivel-denuncia-na-ccj.shtml

Como a folha divulga a manchete:

"Temer tenta acelerar votação de possível denúncia na CCJ"

Como Temer fez para debelar a denúnica:

segunda-feira, 12 de junho de 2017

A triste rotina na CRACOLÂNDIA

Crime e Castigo

Neste texto quero discutir as distintas formas de violência na sociedade. 

A imprensa tem noticiado há algum tempo cenas bárbaras que se descortinam em plena sociedade digital. Fácil constatá-lo: ao digitar os descritores <<ladrão>> e <<mão decepada>> no maior site de buscas global você leitor constatará o fato ao qual me refiro. 

Porém, nas últimas semanas vivenciamos atrocidades maiores. Um adolescente flagrado na tentativa de furto de uma bicicleta foi amordaçado e tatuado na testa com um rótulo que antes disso carregava consigo como estigma. E que a partir daí tornou-se textual, explícito¹.

Continuar lendo...

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Cota racial em concurso público é constitucional, decide STF

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/06/1891434-cota-racial-em-concurso-publico-e-constitucional-decide-stf.shtml

A meritocracia é um mito que alimenta as desigualdades, diz Sidney Chalhoub, pesquisador da UNICAMP & HARVARD


Para historiador da Unicamp e de Harvard, a Universidade está preparada para as cotas étnico-raciais

Fonte> https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/06/07/meritocracia-e-um-mito-que-alimenta-desigualdades-diz-sidney-chalhoub

Veja tb: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/06/1891434-cota-racial-em-concurso-publico-e-constitucional-decide-stf.shtml

Ao aprovar o princípio das cotas étnico-raciais, a Unicamp se alinhou às grandes universidades do mundo, como Harvard, Yale e Columbia, que adotam a diversidade como critério para o ingresso de seus estudantes. O pressuposto dessas instituições é que a diversidade melhora a qualidade. A afirmação é do historiador Sidney Chalhoub, professor titular colaborador do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp e docente do Departamento de História da Universidade de Harvard (EUA). Na entrevista que segue, concedida ao Jornal da Unicamp, Chalhoub salienta a importância das ações afirmativas como mecanismo de reparação e promoção de justiça social e contesta argumentos utilizados pelos críticos das cotas, como a necessidade de preservar a meritocracia. “A meritocracia como valor universal, fora das condições sociais e históricas que marcam a sociedade brasileira, é um mito que serve à reprodução eterna das desigualdades sociais e raciais que caracterizam a nossa sociedade. Portanto, a meritocracia é um mito que precisa ser combatido tanto na teoria quanto na prática. Não existe nada que justifique essa meritocracia darwinista, que é a lei da sobrevivência do mais forte e que promove constantemente a exclusão de setores da sociedade brasileira. Isso não pode continuar”, defende.


O historiador Sidney Chalhoub: “As razões históricas, sociais e filosóficas em favor das cotas justificam plenamente a medida. Não há futuro possível com esse perfil de desigualdade se reproduzindo ao longo do tempo. É uma missão de todos superar essa desigualdade”








Jornal da Unicamp – Quem tem medo das cotas étnico-raciais?


Sidney Chalhoub – Quando esse assunto começou a ser discutido no Brasil, ainda nos anos 1990, houve uma resistência grande entre intelectuais e acadêmicos que consideravam que a adoção desse sistema provocaria tensões raciais na sociedade brasileira. No entanto, o que se viu, conforme essas políticas foram sendo adotadas, primeiro isoladamente por algumas universidades estaduais, e depois em várias universidades federais, até que uma legislação federal sobre o assunto fosse aprovada, foi que as cotas foram muito bem acolhidas no interior das instituições. Hoje, o que se vê na Unicamp é a defesa das cotas pelo movimento estudantil. A defesa não está restrita ao movimento negro. A partir das experiências das universidades estaduais e federais, houve o entendimento de que a diversidade do corpo discente contribui para a qualidade acadêmica e para a produção de conhecimento nas universidades. Os que têm medo das cotas são os setores que têm tido acesso às universidades públicas e gratuitas como uma prerrogativa sua, de muitas décadas. São pessoas que vão a escolas particulares porque têm maior poder aquisitivo e que defendem a exclusividade de acesso à universidade pública, gratuita e de qualidade. Esta é uma distorção grande na sociedade brasileira.


Entretanto, não é possível generalizar. Hoje você tem um contingente grande de estudantes da Unicamp que são brancos e de classes favorecidas e que também entendem a importância das cotas para promover a diversidade no corpo discente e para promover diferentes perspectivas a respeito dos assuntos abordados pela universidade. Esse novo contingente de alunos colocará em cheque vários hábitos da universidade. Vai forçar um questionamento a respeito da importância da existência da universidade pública, a quem ela deve servir e que tipo de conhecimento ela deve produzir. Essa experiência é muito bem-vinda. A resistência às cotas é mais barulhenta que generalizada. O país convive bem com a ideia das cotas. O engajamento dos estudantes da Unicamp em geral mostra a receptividade à ideia. As pesquisas de opinião mostram que a maior parte da população brasileira é favorável às políticas de ação afirmativa e o próprio Supremo Tribunal Federal aprovou por unanimidade a necessidade dessas políticas para combater o racismo e as consequências dele na sociedade brasileira.

JU – O princípio das cotas é um tema novo?

Sidney Chalhoub – Não. O tema está longe de ser uma originalidade brasileira. As melhores universidades do mundo, aquelas que a própria Unicamp utiliza como referência para qualificar suas atividades, adotam a diversidade no ingresso dos estudantes há bastante tempo. Harvard, Yale e Columbia, para ficar em três exemplos, adotam políticas agressivas de promoção da diversidade do corpo discente. Não fazer isso deixaria a Unicamp na contramão da história. A decisão do Conselho Universitário em aprovar o princípio das cotas foi muito bem-vinda.

JU – Correntes contrárias às cotas étnicos-raciais argumentam que esse tipo de política pode comprometer a qualidade do ensino, ao permitir o ingresso de estudantes “despreparados” na vida acadêmica. Como o senhor analisa esse tipo de justificativa?

Sidney Chalhoub – A primeira observação a respeito disso é que, como mencionei anteriormente, o pressuposto das grandes universidades do mundo é que a diversidade melhora a qualidade. Obriga a um contraste de pontos de vista. Enquanto a universidade existe como prerrogativa de uma mesma classe social, de uma mesma raça e dos mesmos setores, ela não se abre ao tipo de questionamento e de tensões que são criativas, oriundas da necessidade da convivência de grupos sociais e raciais com perspectivas diferentes. O segundo ponto é que, na prática, todas as pesquisas existentes demonstram claramente que o desempenho dos estudantes cotistas é igual ou superior ao desempenho dos não cotistas nas universidades estaduais e federais que adotaram esse tipo de política afirmativa. Isso é fácil de entender.

Ao contrário da propaganda maldosa que se faz, a adoção de cotas não tem nada a ver com a exclusão do mérito. Tem a ver com a utilização de critérios de seleção que promovam a competição entre estudantes que tiveram oportunidades educacionais semelhantes até o momento em que se candidatam ao ingresso na universidade. Dessa forma, os estudantes negros e indígenas que serão selecionados representarão uma fração dos que postularam uma vaga na universidade. Serão, portanto, os melhores entre eles. A tendência é que sejam ótimos alunos, tanto quanto os não cotistas. Por fim, a universidade evidentemente tem o desafio de lidar com eventuais dificuldades que existam entre os estudantes de modo geral. Tanto as dificuldades de origem socioeconômica quanto as acadêmicas e pedagógicas. Nada disso impede, porém, que a apolítica de cotas seja implementada. Essa é uma dívida das universidades públicas em relação à população afrodescendente. Obviamente, os programas de permanência estudantil são tão importantes quando a criação de oportunidades de ingresso. Esse é um desafio que a Unicamp terá que enfrentar.

JU – Numa das audiências públicas promovidas em 2016 pela Universidade para discutir o princípio das cotas, um professor universitário de origem indígena disse que os indígenas não querem mais ser apenas estudados pela academia. Eles também querem contribuir para a construção da ciência...


Sidney Chalhoub – Esses novos sujeitos que ingressam na universidade representam um deslocamento importante de negros, indígenas e populações pobres, que são objeto de estudos da academia, mas que raramente têm a oportunidade de se tornarem sujeitos do conhecimento. Isso também é uma experiência fundamental e epistemológica. Isso descentraliza o conhecimento e permite que perspectivas diferentes passem a fazer parte do cenário das universidades. Um assunto no qual a universidade é bastante carente diz respeito a uma reflexão conjunta sobre que tipo de conhecimento ela deve produzir e para quem são esses conhecimentos.

Será que o conhecimento que a universidade produz na área de energia, por exemplo, deve estar voltado às necessidades do mercado ou deve priorizar as necessidades de preservação do planeta? Até que ponto os conhecimentos gerados na área médica priorizam o bem-estar do conjunto da sociedade? O conhecimento de ponta pode ser produzido em várias frentes. A escolha de que frentes serão priorizadas é uma questão que precisa ser politizada na universidade. Não se pode partir do pressuposto de que o conhecimento deve necessariamente atender às necessidades do mercado. É preciso haver debate a respeito dos motivos pelos quais a instituição deve investir nesta ou naquela frente. Na minha opinião, o critério fundamental é produzir o bem-estar social. Esse é um tema que a universidade discute pouco.

JU – O senhor mencionou a questão do mérito numa resposta anterior. Correntes contrárias às cotas alegam que o modelo desconsidera a meritocracia, o que geraria injustiças. O que o senhor pensa a respeito desse tipo de argumento?

Sidney Chalhoub – O fundamental é questionar a ideia da meritocracia como um valor abstrato universal, que justifique a existência de alguma medida comum da aptidão e de inteligência da humanidade. Fica parecendo que a meritocracia partiu de uma definição abstrata, excluída das circunstâncias sociais e materiais de vida das pessoas. A universidade, sendo pública, é da sociedade inteira. O ideal seria que todos aqueles que tivessem condições intelectuais e interesse em entrar na universidade, obtivessem uma vaga. Como não há nenhuma perspectiva de que nossos políticos priorizem o acesso ao ensino universitário, é preciso fazer algum tipo de seleção. A seleção deve fazer com que a sociedade esteja representada no corpo discente da universidade. Não se pode ter somente uma determinada raça ou classe social na universidade.

Já que o ingresso não pode ser da maneira universal, que a sociedade esteja presente, então, por meio da representatividade. Esse foi o princípio aprovado pelo Consu. Não é possível que todos os candidatos entrem em competição pelas vagas como se tivesse havido uma igualdade ideal de oportunidade entre eles. Não se pode fazer com que o aluno negro, pobre e que estudou numa escola pública localizada na periferia de Campinas concorra em igualdade de condições numa prova padronizada com alunos cujos pais cursaram universidade, têm alto poder aquisitivo e tem alto acesso ao capital simbólico. É preciso que a universidade busque equilibrar essa disputa.

Desse modo, quando há reserva de vagas para negros e pessoas de baixa renda, a competição se dá entre eles, entre iguais. Então, não há exclusão do mérito. É uma maneira de ter o mérito qualificado pelas condições sociais e econômicas dos candidatos, e não uma competição que exclui alguns segmentos da sociedade desde sempre. Então, a ideia da meritocracia como valor universal, fora das condições sociais e históricas que marcam a sociedade brasileira, é um mito que serve à reprodução eterna das desigualdades sociais e raciais que caracterizam a nossa sociedade. Portanto, a meritocracia é um mito que precisa ser combatido tanto na teoria quanto na prática. Não existe nada que justifique essa meritocracia darwinista, que é a lei da sobrevivência do mais forte e que promove constantemente a exclusão de setores da sociedade brasileira. Isso não pode continuar.

JU – As cotas étnico-raciais constituem uma política de reparação ou de justiça social?


Sidney Chalhoub – As duas coisas. Se você pensar na história de São Paulo, onde a Unicamp está localizada, a prosperidade do Estado, principalmente a partir da expansão do café, na década de 30 do Século XIX, se deu por meio de duas ilicitudes praticadas pela classe proprietária de maneira abusiva durante décadas. Ela se beneficiou do contrabando de africanos. A lei brasileira de 7 de novembro de 1831 havia proibido o tráfico africano de escravos, mas a propriedade cafeicultora fluminense e paulista se formou por meio da continuidade do tráfico. Um contingente formado por 750 mil africanos foi trazido ao Brasil ilegalmente, em condições desumanas. Esses negros foram escravizados e seus descendentes também. Além disso, a formação da grande propriedade cafeicultora ocorreu através de invasão das terras. Trabalho e terras foram obtidos pela classe dominante ao arrepio da lei. Portanto, a reparação é uma questão que deve ser levada a sério. Se não for levada a sério do ponto de vista legal, que pelo menos seja levada a sério sob o aspecto da promoção de uma justiça social que é devida a essa população cuja presença no país se deu por meio de crimes cometidos pelos cafeicultores.

No caso de São Paulo, também se adotou políticas afirmativas em favor de imigrantes. No final do Século XIX, foram adotadas políticas para subsidiar a imigração de europeus brancos, italianos inicialmente. A vinda desses imigrantes era subsidiada pelo tesouro da Província de São Paulo e depois pelo Estado de São Paulo, o que favoreceu a adaptação dessas pessoas ao país. Tratou-se de uma política de inclusão social que jamais existiu para a população negra até recentemente. Portanto, já houve no Brasil a adoção de política de ação afirmativa para brancos europeus e seus descendentes. Dessa maneira, não há nada demais que se veja como reparação as políticas de cotas para negros e indígenas.

Além disso, é importante pensar que, no caso da população negra, quando houve uma aceleração no processo de emancipação escrava, nas duas últimas décadas da escravidão, ocorreu uma mudança na lei eleitoral, em 1881, que proibiu o voto de analfabetos, o que não existia antes. Isso, numa situação em que não havia escola primária para negros. Devido à falta de acesso à instrução, nas primeiras décadas após a emancipação, a população negra ficou excluída da política formal. Esse foi outro movimento importante de desvantagem dessa população na luta por direitos na história do país. Eu entendo que as pessoas esbravejem quando perdem privilégios. Mas as razões históricas, sociais e filosóficas em favor das cotas justificam plenamente a medida. Não há futuro possível com esse perfil de desigualdade se reproduzindo ao longo do tempo. É uma missão de todos superar essa desigualdade.

JU – Aproveitando essa reflexão, o quão prejudicial tem sido para o Brasil essas posturas vinculadas à nossa herança escravocrata?

Sidney Chalhoub – Quando as pessoas se espantam ao constatar que a corrupção no Brasil está tão generalizada, isso é pura ignorância histórica. Como eu citei, o maior exemplo de corrupção na história do país talvez tenha sido a importação ilegal de centenas de milhares de trabalhadores por meio do tráfico africano. Isso no período de formação do Estado nacional, nas décadas de 20 e 30 do Século XIX. Esse Estado se organizou em grande medida para defender os interesses dos contrabandistas e dos cafeicultores. A corrupção está no cerne da formação do Estado brasileiro. Qualquer solução simplista e messiânica para esse problema não faz sentido. É preciso reconhecer a complexidade da questão, o que pode levar a sociedade brasileira a superar essa corrupção crônica que existe no país. Isso tem a ver com a escravidão. A escravidão foi, insisto, a pedra de toque da formação do Estado nacional. A corrupção é capilar na sociedade brasileira e essa capilaridade esteve ligada à própria escravidão no Século XIX.

Alunos, funcionários e integrantes de movimentos sociais acompanham, em frente ao prédio da Reitoria da Unicamp, a sessão do Conselho Universitário que aprovou o princípio de cotas étnico-raciais, no último 30 de maio

JU – No contexto da aprovação do princípio das cotas étnicos-raciais, a Unicamp anunciou a criação da Secretaria de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade. Qual a importância dessa instância para promover a reflexão sobre esses aspectos que o senhor abordou?

Sidney Chalhoub – As cotas vão envolver muitas coisas. Vão envolver mudanças curriculares, para que as disciplinas ligadas à história do racismo e do pensamento negro e indígena sejam disseminadas, de maneira que se reconheça a densidade desse tipo de conhecimento. Há uma série de movimentos que apontam para uma receptividade em relação às cotas. Mas é preciso ser vigilante. Haverá tentativas de fraudes no vestibular. Haverá tentativa de agressões gratuitas, como a do professor da Medicina, que felizmente não representa o pensamento da comunidade da faculdade. É preciso ter acompanhamento desses assuntos. É preciso acolher os ingressantes, oferecer condições para que a inclusão ocorra de fato e fazer com que o conhecimento que essas pessoas trarão à universidade seja reconhecido e disseminado. Tudo isso exige um acompanhamento próximo. Desse modo, a criação da secretaria, que terá essa atribuição, é bem-vinda.

O Brasil está pronto para as cotas. A Unicamp está pronta, sim, para adotar as cotas. E a comunidade está mobilizada nesse sentido. Acho que a nova gestão da Reitoria, que herdou a discussão da gestão anterior, começa muito bem, inclusive para tentar assegurar a governabilidade num momento difícil da universidade, ao abraçar uma causa que é bastante popular entre os estudantes, funcionários e grande parte dos docentes. O Consu, que é o parlamento da universidade, já aprovou. Resta aplicar a política da melhor forma possível e assegurar a permanência estudantil. Daqui a poucos anos, teremos finalmente médicos, engenheiros, físicos, historiadores e biólogos de alto nível formados numa das melhores universidades do país. Pessoas que servirão de exemplo e inspiração para a transformação da sociedade brasileira em uma sociedade racialmente mais justa.

Fatos sobre a decisão do TSE que pode cassar TEMER

https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/06/08/citada-em-julgamento-no-tse-1-relatora-de-cassacao-mantinha-tese-contraria-a-de-benjamin.htm

https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/06/07/quem-esta-falando-sou-eu-diz-relator-do-tse-a-gilmar-mendes.htm

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Por que fósseis achados no Marrocos mudam tudo o que sabemos sobre a origem da humanidade



Reconstrução do primeiro crânio de Homo sapiens, de Jebel Irhoud (Marrocos)Direito de imagemPHILIPP GUNZ/MPI EVA LEIPZIG
Image captionReconstrução do primeiro crânio de Homo sapiens, feito com base em ressonâncias de múltiplos fósseis originais

A teoria de que o homem moderno evoluiu em um único "berço de humanidade" há 200 mil anos no leste da África perdeu sustentação científica, graças a novas pesquisas recém-divulgadas.
Fósseis dos cinco mais antigos humanos (Homo sapiens) de que se tem notícia foram encontrados no norte africano, mostrando que o Homo sapiens emergiu ao menos 100 mil anos antes do que se pensava.
Em trabalhos publicados nesta quarta-feira no periódico científico Nature, os pesquisadores sugerem agora que a nossa espécie evoluiu por todo o continente, de forma muito mais fragmentada do que se pensava.
Essa descoberta fará com que "se reescrevam os livros de história" sobre nosso surgimento como espécie, diz o professor Jean-Jacques Hublin, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária (MPI), na Alemanha.
"Esse material (fóssil) representa a raiz da nossa espécie, é o mais antigo Homo sapiens já encontrado na África ou em qualquer outro lugar", explica Hublin.
"Não se trata de uma história que aconteceu rapidamente em um 'Jardim do Éden' em um lugar da África. Nossa visão é de que (a evolução) foi um desenvolvimento mais gradual e envolveu todo o continente. Então, se houve um Jardim do Éden, ele foi a África inteira."
Hublin deu uma entrevista coletiva no College de France, em Paris, para mostrar aos jornalistas reconstruções em gesso de pedaços de fósseis que sua equipe encontrou em escavações em Jebel Irhoud, no Marrocos. Há pedaços de crânios, dentes e longos ossos.

Novas interpretações

Descobertas anteriores feitas no mesmo local, nos anos 1960, datavam de 40 mil anos atrás e eram atribuídas a uma forma africana do Neanderthal, um primo evolucionário próximo ao Homo Sapiens.
Mas Hublin conta que nunca ficou plenamente convencido com essa interpretação. Dez anos atrás, retomou os estudos sobre Jebel Irhoud e agora apresenta novas provas que mudam nossa visão sobre a história.
O material recém-avaliado tem, segundo avaliações tecnológicas, entre 300 mil e 350 mil anos de idade. E o crânio tem forma quase idêntica ao dos humanos modernos.
As poucas diferenças que se sobressaem são uma testa um pouco mais proeminente e uma cavidade cerebral um pouco menor.
A escavação liderada por Hublin também revelou que esses povos antigos já usavam ferramentas de pedra e haviam aprendido a produzir e controlar fogo. Ou seja, eles não apenas se pareciam com Homo sapiens como também agiam como tal.

Região arqueológica de Jebel IrhoudDireito de imagemSHANNON MCPHERRON/MPI EVA LEIPZIG
Image captionDescobertas na região marroquina de Jebel Irhoud começaram nos anos 1960

Até agora, os mais antigos fósseis conhecidos da nossa espécie eram da Etiópia (de uma região chamada Omo Kibish), no leste da África, e tinham estimados 195 mil anos.
"Temos agora de mudar nossa visão sobre como os primeiros humanos modernos emergiram", explica Hublin.

Evolução

Antes de nossa espécie ter evoluído, havia muitos tipos diferentes de espécies primitivas humanas, cada uma delas com características físicas próprias, bem como forças e fraquezas.
E essas diferentes espécies humanas - assim como outros animais - evoluíram e mudaram sua aparência gradualmente, ao longo de centenas de milhares de anos.
A visão histórica predominante até agora era de que o Homo sapiens havia evoluído repentinamente de humanos primitivos no leste africano cerca de 200 mil anos atrás - e teria sido nesse ponto que ganhamos as feições que temos hoje.
Segundo essa mesma visão, só a partir daí é que teríamos começado a nos espalhar pela África e pelo restante do planeta.
As descobertas da equipe de Hublin colocam essa versão em xeque.

Mandíbula inferior de um Homo sapiensDireito de imagemJEAN-JACQUES HUBLIN/MPI-EVA, LEIPZIG
Image captionMandíbula inferior de um Homo sapiens encontrado em Jebel Irhoud

Jebel Irhoud é parecido com outros sítios arqueológicos africanos de 300 mil anos atrás. Em muitos desses lugares foram encontradas ferramentas parecidas, além de indícios de uso de fogo. O que não havia até então eram fósseis.
Como a maioria dos especialistas trabalhava com a ideia de que nossa espécie só havia evoluído 200 mil anos atrás, era natural presumir que esses sítios arqueológicos eram ocupados por espécies humanas mais antigas e diferentes.
Mas as recentes descobertas em Jebel Irhoud levam à crença de que, na verdade, provavelmente foram Homo sapiens que deixaram os restos de ferramentas e fogo nos locais.

Ferramentas de pedraDireito de imagemMOHAMMED KAMAL, MPI EVA LEIPZIG
Image captionAlgumas das ferramentas de pedra escavadas pela equipe de Hublin: é mais uma prova de que os indivíduos de Jebel Irhoud não apenas se pareciam com Homo sapiens como faziam coisas típicas de Homo sapiens

"Não estamos tentando dizer que a origem da nossa espécie é Marrocos. Na verdade, as descobertas de Jebel Irhoud confirmam que (esses tipos de locais) existiram ao redor da África 300 mil anos atrás", diz Shannon McPhearon, membro do MPI.
Para o professor Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres - e que não está envolvido na pesquisa em Jebel Irhoud -, as descobertas "mostram que há múltiplos lugares na África onde o Homo sapiens emergiu. Precisamos nos distanciar dessa ideia de que houve um único 'berço' da humanidade".
E ele também levanta a possibilidade de o Homo sapiens ter existido fora da África simultaneamente. "Há fósseis de Israel que têm provavelmente a mesma idade e mostram sinais que poderiam ser descritos como feições proto-Homo sapiens."
Stringer diz que não é inconcebível a ideia de que humanos primitivos com cérebros menores, rostos e dentes maiores, testas mais fortes - mas que mesmo assim eram Homo sapiens - podem ter existido anteriormente na história, talvez até milhões de anos atrás.
Isso é uma mudança de paradigma radical nos estudos das origens humanas.
"Havia a ideia de que o Homo sapiens subitamente aparecera na África em algum momento - e esse era o começo da nossa espécie. Mas agora parece que isso estava errado", conclui Stringer

Prisão de ex-ministro próximo a Temer assustou Palácio: "Falta o quê? Presos todos em volta de Temer na foto do Impeachment



https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/06/07/prisao-de-ex-ministro-proximo-a-temer-assustou-palacio-falta-o-que-prenderem-geddel.htm

terça-feira, 6 de junho de 2017

Vivi na pele o que aprendi nos livros Um encontro com o patrimonialismo brasileiro

Nas palavras do Professor Wagner Mancuso "Esse texto do Fernando Haddad é de leitura obrigatória. Imperdível. Registro histórico de qualidade impressionante."

A honestidade de algumas declarações [contra o governo do PT] chamam a atenção.

[...] Meu primeiro encontro de trabalho com Dilma mostrava que eu havia me equivocado. Ela encerrou a conversa, me acompanhou até a porta e disse uma frase de que não me esqueço: “Espero que o nosso próximo encontro seja mais produtivo.”

https://www.evernote.com/shard/s35/sh/ca05532e-84ac-49e5-bec6-6e4466abcad5/d9cfff537612f4c1

Em um artigo recente para a revista nova-iorquina Dissent, a filósofa norte-americana Nancy Fraser discutiu a eleição de Donald Trump e o que chamou de “derrota do neoliberalismo progressista”. No texto, Fraser mostra como se constituiu nos Estados Unidos a disputa entre duas modalidades de direita: o neoliberalismo progressista dos governos Clinton e Obama e o protofascismo de Trump, com seu discurso protecionista na economia e seu conservadorismo regressivo em relação aos costumes e direitos civis. Pode-se discutir se é correto enquadrar Obama no campo neoliberal, mas o que importa preservar do argumento da autora, nesse embate, é que a grande vantagem do neoliberalismo americano, que era o diálogo com as minorias – LGBT, mulheres, negros e imigrantes –, se perdeu.
O que vimos no Brasil dos últimos anos foi algo um pouco diferente: essas duas modalidades de direita em boa medida se fundiram, de modo que mesmo nossa direita neoliberal passou a cultivar a intolerância. A vitória socioeconômica do projeto do PT até 2013 foi tão acachapante – crescimento com distribuição de renda e ampliação de serviços públicos – que sobrou muito pouco para a versão civilizada da direita tucana. Ela não podia mais se dar ao luxo de ser neo-liberal e progressista. Para enfrentar a nova realidade, os tucanos passaram a incorporar a seu discurso elementos do pior conservadorismo.
Temas regressivos foram insuflados no debate nacional. A campanha de José Serra à Presidência em 2010 foi um momento importante dessa inflexão tucana. Embora talvez fosse o desejo íntimo de alguém como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o PSDB não conseguiu se transformar na versão brasileira da agenda democrata norte-americana. Pelo contrário, ao radicalizar o discurso conservador, o partido revolveu o campo político de onde floresceu a extrema direita no Brasil. Quem abriu a caixa de Pandora de onde saiu o presidenciável Jair Bolsonaro foi o tucanato. Embora essa agenda pudesse vir à tona em algum momento, foram os tucanos que a legitimaram. Um equívoco histórico. Quando, pela mudança de conjuntura, se tenta abdicar desse ideário, isso já não é mais possível, pois logo aparece alguém para ocupar o espaço criado. Foi exatamente o que aconteceu: a extrema direita desgarrou e agora quer tudo – a agenda tucana e muito mais.

Que rodem os dados: Temer fica ou sai? Julgamento do TSE pode ter vários desfechos

https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/06/06/temer-fica-ou-sai-julgamento-do-tse-pode-ter-varios-desfechos.htm

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Palavras duras contra o novo Ministro da Justiça: Torquato Jardim

Deplorável e Patético o novo ministro da Justiça de Michel Temer

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/janiodefreitas/2017/06/1889188-deploravel-e-a-palavra-mais-branda-a-aplicar-se-a-torquato-jardim.shtml