sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Pos eleições de 2020, o que esperar das redes sociais?

Jeison Giovani Heiler, Dr. Ciência Politica, Professor  da escola de Direito da Catolica de SC para Verônica Lemus  - O correio do povo.

É possível que de fato os eleitores estejam saturados de fake news ou das estrategias conhecidas de campanha de difamação de outros candidatos?

Penso que as fakenews ainda vão continuar sendo um problema para o processo eleitoral por algum tempo. Isto porque as mensagens são compartilhadas individualmente e silenciosamente sem possibilidade de qualquer controle diante do próprio processo de criptografia destas mensagens. Este é o problema. Estas mensagens (contendo informações falsas) não podem ser auditadas ou bloqueadas como ocorre com outros canais de comunicação como impressos, rádio, televisão e em portais de notícias da própria internet. Assim, embora o eleitor possa estar mais previdente com relação às fakenews pelo próprio formato em que são disseminadas ainda podem causar grandes estragos, principalmente quando compartilhadas há poucos dias ou mesmo horas antes da eleição.

É possível que o eleitorado esteja se cansando tbm de uma disputa apenas ideológica, no sentido de buscarem sair dos discursos e procurar ver na prática as ações dos candidatos, pra então fazerem suas escolhas?

O eleitor na verdade é pouco ideológico, isso já tem sido mostrado por diversas pesquisas. Nas eleições subnacionais menos ainda. Independente disso não quer dizer que determinados partidos não possam receber uma rejeição maior por parte do eleitorado. Nesse caso tanto as eleições de 2016 quanto as de 2020 trouxerem a reboque uma forte rejeição principalmente ao Partido dos Trabalhadores – PT. Embora em várias partes do pais essa rejeição já se mostrou menor do que em 2016.

As redes sociais, por permitirem essa participação massiva e relativamente direta com os candidatos, pelo meio virtual, pode tá mudando a forma como os eleitores se sentem sobre a política local? quer dizer, estarem ativos e opinativos nas redes, questionando, pode fazer com que se sintam mais participantes e talvez voltarem a acreditar que uma mudança, através do voto de cada um, possa acontecer, pelo menos na realidade local?

As redes sociais se constituem sem dúvidas em uma ótima ferramenta de engajamento e participação. Porém, é preciso certa cautela com avaliações excessivamente otimistas do fenômeno. Pois as redes sociais geram também muitas sensações ilusórias. As pessoas não são felizes o tempo todo como muitas vezes é exibido nos feeds e stories das redes. Poucos postam e compartilham seus revezes e momentos de dificuldade.  E se essa falsa ideia de felicidade pode produzir ansiedade a falsa ideia de engajamento nas redes pode gerar alienação política país fora em massa.  

 

Isso porque as redes sociais encorajam as pessoas a buscar atingir um padrão de x né felicidade inalcançável. Do ponto de vista da participação o cidadão alimenta a falsa sensação de que está imbuído de poder político. Isto pode ser verdade para algumas questões mas há vários exemplos de decisões tomadas no parlamento e no executivo, apesar da opinião publica divergente. Um exemplo disso foi o discurso do presidente da Câmara Rodrigo Maia em outubro de 2016” nós não podemos aceitar que a banda luar Câmara dos deputados se transforme num cartório carimbador de opiniões de parte da sociedade” [1]Ele foi reeleito mesmo depois de ter dito isto.

Esse envolvimento mais local, mais próximos dos políticos, tem poder de também influenciar as esferas maiores, como estadual e federal? de que forma e como potencializar isso?

As eleições nacionais são diferentes das eleições subnacionais. Há um limite para o envolvimento que deriva do próprio investimento informacional necessário. Quer dizer, á muito mais fácil estar informado sobre o que o prefeito está fazendo nas cidades. Se o trânsito flui. Se a minha rua está pavimentada. Se há vagas nas creches ou filas nos hospitais. Contudo, para uma avaliação do que os partidos e os políticos fazem no Estado e no âmbito federal o eleitor é bastante dependente da imprensa. O risco é que as pessoas optem por se informar nas redes sociais exclusivamente. Reféns de algoritmos que selecionam noticiais ao gosto do freguês o risco é um eleitor alienado dos acontecimentos reais. Uma forma de potencializar a cidadania portanto é aumentando o nível informacional dos cidadãos. A imprensa tradicional nunca foi tão necessária.



[1] https://politica.estadao.com.br/blogs/estax vídeo dao-verifica/reeleicao-de-maia-para-presidencia-da-camara-faz-frase-enganosa-voltar-a-circular/Xbox te