Temos enfileirado tragédias
no existir
belos, sublimes e malvados
a contradição
em si
Dança comigo?
Esta valsa louca
Se eu tivesse
poderes diria
revolução!
mas
somos nutridos pelo desejo
do caos
embotado
pelo delírio
Corre comigo?
até a praia
até a borda
do mar oceano
até o canto das pedras
até a espuma vadia
somos nutridos
pela vaidade
esgarçada pelo colírio
que deita aos olhos
inunda fossas
nasais
e vem colher a lingua
confundir a garganta
deglutir os sentidos
Caminha comigo?
pelos becos da vida
à margem da espécie
nos limites do limbo
nos escombros
do eu
somos nutridos
pelo medo do fim
obliterado
no instante do átomo
luzes brancas azuis
somos nutridos
pela morte consorte
segundos
m.a.r.c.a.d.o.s
no ponto
e tu operário
sabes assim?
somos nutridos
vário sentido
varíola
amanha de manhã
dentes
ossos
marfim
rima comigo?
maldita canção
bolor e amor
flor e ator
cor
amargor
estupor
somos nutridos
pelo desespero
da saber
e ignorar
o sentido da vida
o sentido do dor
a febre
o cheiro
do falo
recalcado
porão
freud
marx
calcutá
eisntein
arendt
ana
pedro e
joao
somos nutridos
por anônimos
idolos deuses
dourados
alados
ou não
olha comigo?
pra dentro
de mim
de ti
de nós três
de nós dois
de nós
um milhão
somos nutridos
pelo desejo
do abismo

