quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Como uma música do The Clash

Os distúrbios e o desencanto em Londres trazem a memória da consciência social do "punk" da banda britânica

Por Fernando Navarro

É um pouco paradoxal: o governo britânico tinha escolhido há poucos dias London Calling como a canção oficial da campanha para as Olimpíadas em 2012. Não tinha nada a ver aquela música de punk rock na pompa do maior evento esportivo (e comercial) do mundo. Hoje, as imagens da capital britânica no fogo que revestem as páginas dos jornais e imagens de televisão. Como que escapando de uma camisa de força, a música tomou sobre si todo o seu sentido original na rua, onde a raiva e desencanto social se transformou em violência e agitação.


Certamente, muitos dos jovens encapuzados que saqueiam e assaltam lojas em Londres e outras cidades não tenham nunca ouvido falar do The Clash, embora seja difícil imaginar que eles não receberam qualquer ressonância de London Calling, um dos discos mais lembrados por músicos de todas os gêneros e aparece regularmente nas listas de "os melhores de ...". E contudo, de alguma maneira, é como se os textos Joe Strummer ganhassem vida mais de 30 anos após London Calling do The Clash exaltar não apenas um grupo com um radar musical deslumbrante, mas também como uma referência ideológica. Se os Sex Pistols eram provocantes, acima de tudo, Strummer, Mick Jones e companhia deram a do punk maturidade e consciência social. Seu niilismo aparente sabia o peso da realidade e da história, suas letras estavam olhando para a ação em uma sociedade britânica atolada na depressão econômica.

"Londres chamando as cidades distantes / Agora aquela guerra está declarada e a batalha começa./ Londres chamando para o inferno / Saia do armário todos os garotos e garotas" Com suas guitarras cortantes, assim começa a letra de London Calling, que muitos na internet queriam fazer o hino oficial dos protestos. Neste álbum duplo, quase todas as composições engajadas para a indignação com estas revoltas na Grã-Bretanha. Hateful , Guns of Brixton , Death or Glory ou Train in Vain são o som do desencanto irritado. E, de fato, a paisagem de 1979 se parece muito com 2011.

Embora tenhamos a tendência de dizer que o punk britânico, com o Pistols e The Clash encabeçando, nasceu em resposta ao conservadorismo de Margaret Thatcher, convém recordar que o brutal Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols surgiu em 1977 e que o The Clash já tinha três trabalhos anteriores nas costas (com músicas tão polêmicas e escandalosas para o "pensamento de bem" como White Riot e Tommy Gun ) antes que a "Dama de Ferro" chegasse ao poder em Maio de 1979. Como hoje, grande parte da sociedade foi duramente atingida pela crise econômica em um ambiente de marginalização e discriminação.

O punk do The Clash foi fruto do chamado "Inverno do Descontentamento". Com a ressaca mundial deixada pela crise do petróleo de 1973, o primeiro-ministro britânico trabalhista James Callaghan, teve que renunciar em 1979, quando o país estava a anos caindo a pique e se encontrava em uma paralisia permanente entre greves gerais, alto desemprego e uma inflação galopante. Então como agora, os trabalhistas não souberam dar resposta à depressão econômica e os conservadores chegaram a Downing Street n°10 com um programa de cortes sociais. A tensão cidadã aumentou até saltar a centelha da revolta. Thatcher foi, como agora Cameron, quem não ofereceu garantias, mas pediu mais sacrifícios a milhões de pessoas em uma situação de dificuldades. A violência de rua e racial nos bairros mais pobres ocorreu em vários episódios no início dos anos oitenta como hoje e brotam em diferentes partes do Reino Unido. Tanto Thatcher como Cameron, talvez, dinamitaram o fator psicológico destes insurgentes urbanos que cantou com urgência e sem restrições o Clash, e que representavam na sua qualidade de bandidos do rock.

Eu estou perdido no supermercado / Eu não posso comprar feliz / Eu vim à procura de uma oferta/ atenção garantida / eu nasci, eu caí / ninguém reparou em mim." Quando uma canção como Lost in the supermarket

Possivelmente, nunca The Clash e o que representa a sua música se foi. O álbum London Calling fecha com Train in vain, a canção de um trem em vão que representa o sentimento de perda e abandono. Talvez um dos sentimentos que movem a revolta atual. Ainda que o The Clash nada tenha influenciado os protagonistas destes distúrbios, que devem caminhar ouvindo música eletrônica ou rap, com certeza, se Joe Strummer viesse a levantar a cabeça, teria um bom motivo para pegar uma guitarra e, sem parar para pensar sobre as Olimpíadas, compor uma nova canção.
se refere a como pode ser a infância de Mick Jones, no bairro marginal de Brixton, talvez você possa encontrar semelhanças em comum com a realidade de agora, nestas mesmas ruas. A crítica do consumismo que mantém esta composição parece ter explodido em um sarcasmo do destino, enquanto o mundo assiste a multidão, longe de procurar a transformação social ou alterar as regras do jogo político-social, ostentam televisores, eletrodomésticos, telefones celulares ou roupas. É vandalismo, puro e simples que alguns associam as idéias do anarquismo e anti-imperialista promulgada pelo The Clash.

Fonte: http://www.aldeiagaulesa.net

Brasil tem mais cursos de Direito do que todo o resto do mundo somado

Brasil tem 1240 cursos de Direito; resto do mundo (você leu certo), 1100


Se quantidade não é sinônimo de qualidade, o excesso de cursos de direito no Brasil certamente é sintomático com relação a esta máxima. Não é minimamente razoável que o Brasil tenha mais cursos de direito que o resto do mundo somado. Esta situação precisa ser, no mínimo, problematiza e repensada.

Por Pierre Lucena

Um dos conselheiros do CNJ, Jefferson Kravchychyn, informou um dado que seria ridículo, caso não fosse uma tragédia anunciada para nosso país: o Brasil já tem mais faculdades de direito do que o resto do mundo somado.

Isto mesmo que você está lendo: não importa os 1,5 bilhão de chineses, muito menos os 1,0 bilhão de indianos, nem os americanos, japoneses, africanos, etc.. Não tem para ninguém, o Brasilzão tem 1240 cursos de direito e o resto do mundo somado tem 1100.

Estima-se que hoje sejam 4 milhões de formados em Direito, dos quais 800 mil conseguiram passar no Exame e estão regularizados na OAB. Mais ou menos 2% da população brasileira se formou em Direito.
Não é preciso ser um gênio para perceber que está tudo errado.

Para começar, este desequilíbrio foi causado em parte pelo setor público, que passou a impressão que a melhor coisa da vida é passar em um concurso da área jurídica. Na verdade até é uma das melhores coisas da vida, porque a relação matemática entre salário/quanitidade de trabalho beira o infinito, mas a falácia está em achar que tem espaço para todo mundo nessa boquinha.

O segundo fato a destacar é a facilidade de ganhar dinheiro em cima da insegurança jurídica do país. Isso resulta em enorme perda de produtividade em todos os setores. É uma tragédia econômica e social em um país onde só pobre vai preso, e disputas jurídicas se arrastam por décadas.

Para finalizar, é uma meia verdade que a culpa é das faculdades de direito. Essa é a ideia que o MEC tenta passar, mas existem muitas faculdades boas, porém que não são milagreiras. É impossível formar um bom advogado quando o aluno deveria estar no MOBRAL. Essa é uma verdade que poucos gostam de falar. As faculdades privadas são incentivadas pelo mercado e pelo Governo a abrirem novos cursos, e nada parece mudar isso.

E nesta pisadinha, será preciso criar um serviço jurídico de telemarketing e de motoadvogado para empregar os 4 milhões de advogados (ou bacharéis).

Fonte: http://www.aldeiagaulesa.net/

Os fatos, desde que não indigestos

Há mais de duas horas saiu a validação das assinaturas e há número regimental para sua instalação.



Só depois de 18 horas a Folha deu a primeira notícia. Já O Globo, nem mesmo uma linha na página de política, apenas o registro da matéria do "Congresso em Foco" no blog do Noblat.

O que aconteceu foi um fato político e legislativo, não é uma opinião política.

E fato, no jornalismo “old way”, é notícia. Ou deveria ser.

Mas os fatos indigestos devem ir para a Sibéria?

Fonte: Tijolaço do Brizola
Extraído de: http://www.vermelho.org.br/

Confira a lista dos deputados que assinaram o pedido de instalação de CPI da Privataria Tucana


Com a iniciativa do Deputado Protógenes Queiroz (PCdoB), o requerimento de instalação da CPI da Privataria Tucana foi protocolado com 185 assinaturas confirmadas. Veja a lista por ordem de Partido/Deputado:

DeputadoPartidoEstado
ALEXANDRE LEITEDEMSP
EFRAIM FILHODEMPB
MENDONÇA PRADODEMSE
ONYX LORENZONIDEMRS
PAUDERNEY AVELINODEMAM
ALICE PORTUGALPCdoBBA
ASSIS MELOPCdoBRS
CHICO LOPESPCdoBCE
DANIEL ALMEIDAPCdoBBA
DELEGADO PROTÓGENESPCdoBSP
EVANDRO MILHOMENPCdoBAP
JANDIRA FEGHALIPCdoBRJ
JÔ MORAESPCdoBMG
JOÃO ANANIASPCdoBCE
LUCIANA SANTOSPCdoBPE
MANUELA D’ÁVILAPCdoBRS
OSMAR JÚNIORPCdoBPI
PERPÉTUA ALMEIDAPCdoBAC
ANDRÉ FIGUEIREDOPDTCE
ÂNGELO AGNOLINPDTTO
BRIZOLA NETOPDTRJ
DR. JORGE SILVAPDTES
ENIO BACCIPDTRS
MANATOPDTES
MARCELO MATOSPDTRJ
MARCOS MEDRADOPDTBA
MARCOS ROGÉRIOPDTRO
MIRO TEIXEIRAPDTRJ
PAULO RUBEM SANTIAGOPDTPE
REGUFFEPDTDF
SEBASTIÃO BALA ROCHAPDTAP
SUELI VIDIGALPDTES
VIEIRA DA CUNHAPDTRS
WEVERTON ROCHAPDTMA
WOLNEY QUEIROZPDTPE
ADRIANPMDBRJ
ALBERTO FILHOPMDBMA
ANÍBAL GOMESPMDBCE
DANILO FORTEPMDBCE
EDINHO ARAÚJOPMDBSP
EDSON EZEQUIELPMDBRJ
ELCIONE BARBALHOPMDBPA
FRANCISCO ESCÓRCIOPMDBMA
MARLLOS SAMPAIOPMDBPI
MAURO BENEVIDESPMDBCE
MAURO LOPESPMDBMG
NELSON BORNIERPMDBRJ
OSMAR SERRAGLIOPMDBPR
PROFESSOR SETIMOPMDBMA
RAIMUNDÃOPMDBCE
RENAN FILHOPMDBAL
WASHINGTON REISPMDBRJ
WILSON FILHOPMDBPB
ALINE CORRÊAPPSP
CIDA BORGHETTIPPPR
IRACEMA PORTELLAPPPI
JAIR BOLSONAROPPRJ
REBECCA GARCIAPPAM
SANDES JÚNIORPPGO
ALMEIDA LIMAPPSSE
RUBENS BUENOPPSPR
SANDRO ALEXPPSPR
ANTHONY GAROTINHOPRRJ
GIACOBOPRPR
HENRIQUE OLIVEIRAPRAM
IZALCIPRDF
LAERCIO OLIVEIRAPRSE
LINCOLN PORTELAPRMG
LUCIANO CASTROPRRR
MAURÍCIO QUINTELLA LESSAPRAL
PAULO FEIJÓPRRJ
PAULO FREIREPRSP
RONALDO FONSECAPRDF
TIRIRICAPRSP
VALDEMAR COSTA NETOPRSP
WELLINGTON FAGUNDESPRMT
ZOINHOPRRJ
CLEBER VERDEPRBMA
JÂNIO NATALPRPBA
ABELARDO CAMARINHAPSBSP
ANTONIO BALHMANNPSBCE
ARIOSTO HOLANDAPSBCE
CABO JULIANO RABELOPSBMT
DR. UBIALIPSBSP
EDSON SILVAPSBCE
GIVALDO CARIMBÃOPSBAL
GLAUBER BRAGAPSBRJ
GONZAGA PATRIOTAPSBPE
JANETE CAPIBERIBEPSBAP
JOSE STÉDILEPSBRS
KEIKO OTAPSBSP
LAUREZ MOREIRAPSBTO
LUIZ NOÉPSBRS
LUIZA ERUNDINAPSBSP
PAULO FOLETTOPSBES
ROMÁRIOPSBRJ
SEVERINO NINHOPSBPE
ANDRE MOURAPSCSE
PASTOR MARCO FELICIANOPSCSP
ADEMIR CAMILOPSDMG
DR. PAULO CÉSARPSDRJ
FRANCISCO ARAÚJOPSDRR
ONOFRE SANTO AGOSTINIPSDSC
RICARDO IZARPSDSP
WALTER TOSTAPSDMG
FERNANDO FRANCISCHINIPSDBPR
JORGINHO MELLOPSDBSC
LUIZ CARLOSPSDBAP
NELSON MARCHEZAN JUNIORPSDBRS
DR. GRILOPSLMG
CHICO ALENCARPSOLRJ
IVAN VALENTEPSOLSP
JEAN WYLLYSPSOLRJ
ALESSANDRO MOLONPTRJ
AMAURI TEIXEIRAPTBA
ANDRE VARGASPTPR
ANGELO VANHONIPTPR
ARTUR BRUNOPTCE
ASSIS CARVALHOPTPI
ASSIS DO COUTOPTPR
BETO FAROPTPA
BIFFIPTMS
BOHN GASSPTRS
CARLOS ZARATTINIPTSP
CHICO D’ANGELOPTRJ
CLÁUDIO PUTYPTPA
DEVANIR RIBEIROPTSP
DOMINGOS DUTRAPTMA
DR. ROSINHAPTPR
ELIANE ROLIMPTRJ
EMILIANO JOSÉPTBA
ERIKA KOKAYPTDF
EUDES XAVIERPTCE
FÁTIMA BEZERRAPTRN
FERNANDO FERROPTPE
FERNANDO MARRONIPTRS
FRANCISCO PRACIANOPTAM
GABRIEL GUIMARÃESPTMG
GERALDO SIMÕESPTBA
HENRIQUE FONTANAPTRS
JANETE ROCHA PIETÁPTSP
JOÃO PAULO CUNHAPTSP
JOÃO PAULO LIMAPTPE
JOSÉ DE FILIPPIPTSP
JOSÉ GUIMARÃESPTCE
JOSÉ MENTORPTSP
JOSEPH BANDEIRAPTBA
JOSIAS GOMESPTBA
LEONARDO MONTEIROPTMG
LUCI CHOINACKIPTSC
LUIZ ALBERTOPTBA
LUIZ COUTOPTPB
MÁRCIO MACÊDOPTSE
MARCONPTRS
MARINA SANTANNAPTGO
MIRIQUINHO BATISTAPTPA
NAZARENO FONTELESPTPI
NELSON PELLEGRINOPTBA
NEWTON LIMAPTSP
PADRE JOÃOPTMG
PADRE TONPTRO
PAULO PIMENTAPTRS
PEDRO UCZAIPTSC
PEPE VARGASPTRS
POLICARPOPTDF
REGINALDO LOPESPTMG
RICARDO BERZOINIPTSP
ROGÉRIO CARVALHOPTSE
RONALDO ZULKEPTRS
RUBENS OTONIPTGO
SIBÁ MACHADOPTAC
TAUMATURGO LIMAPTAC
VALMIR ASSUNÇÃOPTBA
VANDER LOUBETPTMS
VANDERLEI SIRAQUEPTSP
VICENTE CANDIDOPTSP
VICENTINHOPTSP
WALDENOR PEREIRAPTBA
WELITON PRADOPTMG
ZÉ GERALDOPTPA
ARNON BEZERRAPTBCE
NELSON MARQUEZELLIPTBSP
SILVIO COSTAPTBPE
LOURIVAL MENDESPTdoBMA
PAULO WAGNERPVRN

O quadro da CPI é tecnicamente irreversível, pois se meia dúzia de deputados retirassem a assinatura seria insuficiente para impedir sua instalação, e o desgaste para o deputado seria grande.
 
No entanto, o papel vigilante para que a CPI seja de fato instalada deve prosseguir. Somente com mobilização nas ruas e na internet a CPI da Privataria Tucana sairá do papel e as graves denúncias levantadas a partir do livro de Amauri Ribeiro Jr. serão esclarecidas.
 
 Portanto, se vc está lendo isto, compartilhe à vontade!!!

Fonte: http://www.aldeiagaulesa.net/

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Juventude Recolhida

Aos poucos as medidas proibitivas e coercitivas estabelecem o controle policial do Estado sobre a sociedade, especialmente sobre os mais jovens.

Por Gabriela Moncau

“Era uma cidade muito engraçada, não tinha praças, não tinha nada. Ninguém podia ser camelô, nem tinha grana pra pegar metrô. Ninguém podia dormir na rua, que o jato d’água vinha na sua. Ninguém podia fazer festinha, qualquer barulho o guarda vinha. Mas era feita com muito esmero, muita polícia e tolerância zero.”

A paródia musical seria cômica, se não fosse um trágico reflexo das crescentes medidas de controle social por parte do Estado em inúmeras cidades brasileiras. Das mais recentes, além do polêmico ato que determina internação compulsória para crianças e adolescentes usuários de crack que está sendo posto em prática no Rio de Janeiro e prestes a ser implementado na capital paulista (onde policiais recolhem jovens das ruas para os obrigarem a passar por tratamento psiquiátrico), vemos alguns municípios brasileiros adotando um toque de recolher para a juventude.

Na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP), o deputado estadual Jooji Hato (PMDB) apresentou em agosto um projeto de lei (PL) que estabelece que será vedado aos menores de 18 anos desacompanhados de responsáveis transitar pelas ruas ou permanecer em bares, restaurantes, padarias, lan houses, cafés e afins entre as 23h30 e as 5h. Prevê, ainda, a criação de equipes compostas por policiais civis ou militares e conselheiros tutelares que recolherão jovens que estiverem transitando pelas ruas, expostos ao que o deputado considera “situação de risco”: “ilicitude”, “comportamento impróprio para sua faixa etária”, “insalubridade”, ou “situação degradante”. Entre os exemplos estão consumo de cigarro, de álcool ou qualquer outra droga e audição de som em alto volume.

A lei do Programa de Silêncio Urbano (psiu), a lei antifumo, as blitz de bafômetro, a proibição de apresentação artística nas ruas, a proibição de vendedores ambulantes, internação compulsória para usuários de crack são algumas das medidas que, em diferentes graus de intensidade e sob diferentes justificativas, foram aplicadas no último período em uma série de cidades e justificam maior controle social por parte do Estado. Para a livre-docente da USP Vera Telles, especializada em sociologia urbana, essas várias medidas carregam “a mesma lógica programática e operatória”. Em sua opinião, elas são, por um lado, “dispositivos de exceção que derrogam direitos e promovem algo com um contornamento dos parâmetros legais” e, por outro, configuram “um policiamento de práticas e comportamentos nesse imbricamento entre polícia de costumes (e o seu correlativo: a prática da denúncia e a desconfiança generalizada) e de repressão”.

Fonte: http://carosamigos.terra.com.br/

Enviado por Joice Pacheco por e-mail.

A evolução da estupidez

Autor: Dan Piraro

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Flagra: Equipe de Reportagem da Veja em ação

Autor: Hals

A mídia não sabe o que fazer com "A privataria tucana"



Por Gilberto Maringoni
 
Há uma batata quente na agenda nacional. A mídia e o PSDB ainda não sabem o que fazer com A privataria tucana, de Amaury Ribeiro Jr. A cúpula do PT também ignora solenemente o assunto, assim como suas principais lideranças. O presidente da legenda, Rui Falcão, vai mais longe: abriu processo contra o autor da obra, por se sentir atingido em uma história na qual teria passado informações à revista Veja. O objetivo seria alimentar intrigas internas, durante a campanha presidencial de 2010. A frente mídia-PSDB-PT pareceria surreal meses atrás.

Três parlamentares petistas, no entanto, usaram a tribuna da Câmara, nesta segunda, para falar do livro. São eles Paulo Pimenta (RS), Claudio Puty (PA) e Amaury Teixeira (BA). O delegado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) começa a colher assinaturas para a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre os temas denunciados no livro. Já o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) indagou: "Nenhum jornalão comentou o procuradíssimo livro A privataria tucana. Reportagens sobre corrupção têm critérios seletivos?”

O silêncio dos coniventes


O silêncio maior, evidentemente, fica com os meios de comunicação. Desde o início da semana passada, quando a obra foi para as livrarias, um manto de silêncio se abateu sobre jornais, revistas e TVs, com a honrosa exceção de CartaCapital.

As grandes empresas de mídia adoram posar de campeãs da liberdade de expressão. Acusam seus adversários – aqueles que se batem por uma regulamentação da atividade de comunicação no Brasil – de desejarem a volta da censura ao Brasil.

O mutismo sobre o lançamento mais importante do ano deve ser chamado de que? De liberdade de decidir o que ocultar? De excesso de cuidado na edição?

Um curioso espírito de ordem unida baixou sobre a Rede Globo, a Editora Abril, a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e outros. Ninguém fura o bloqueio da mudez, numa sinistra brincadeira de “vaca amarela” entre senhores e senhoras respeitáveis. Que acordo foi selado entre os grandes meios para que uma das grandes pautas do ano fosse um não tema, um não-fato, algo inexistente para grande parte do público?

Comissão da verdade


Privatização é um tema sensível em toda a América Latina. No Brasil, uma pesquisa de 2007, realizada pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelo Instituto Ipsos detectou que 62% da população era contra a venda de patrimônio público. Nas eleições de 2006, o assunto foi decisivo para a vitória de Lula (PT) sobre Geraldo Alckmin (PSDB).

Que a imprensa discorde do conteúdo do livro, apesar da farta documentação, tudo bem. Mas a obra é, em si, um fato jornalístico. Revela as vísceras de um processo que está a merecer também uma comissão da verdade, para que o país tome ciência das reais motivações de um dos maiores processos de transferência patrimonial da História.

Como ficarão as listas dos mais vendidos, escancaradas por jornais e revistas? Ignorarão o fato de o livro ter esgotado 15 mil exemplares em 48 horas?

O expediente não é inédito. Há 12 anos, outra investigação sobre o mesmo tema – o clássico O Brasil privatizado, de Aloysio Biondi – alcançou a formidável marca de 170 mil exemplares vendidos. Nenhuma lista publicou o feito. O pretexto: foram vendas diretas, feitas por sindicatos e entidades populares, através de livreiros autônomos. O que valeria na contagem seriam livrarias comerciais.

E agora? A privataria tucana faz ótima carreira nas grandes livrarias e magazines virtuais.

Deu no New York Times


O cartunista Henfil (1944-1988) costumava dizer, nos anos 1970, que só se poderia ter certeza de algo que saísse no New York Times. Notícias sobre prisões, torturas, crise econômica no Brasil não eram estampadas pela mídia local, submetida a rígida censura. Mas dava no NYT. Aliás, esse era o título de seu único longa metragem, Tanga: deu no New York Times, de 1987. Era a história de um ditador caribenho que tomava conhecimento dos fatos do mundo através do único exemplar do jornal enviado ao seu país. As informações eram sonegadas ao restante da população.

Hoje quem sonega informação no Brasil é a própria grande mídia, numa espécie de censura privada. O título do filme do Henfil poderia ser atualizado para “Deu na internet”. As redes virtuais furaram um bloqueio que parecia inexpugnável. E deixam a mídia bem mal na foto...


Fonte: http://www.aldeiagaulesa.net/2011/12/midia-nao-sabe-o-que-fazer-com.html 

Matemáticos revelam poderio de Bancos e Empresas Transnacionais sobre Economia Global



Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas - sobretudo bancos - tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global. A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça. Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global.

Por Carta Maior


Nota introdutória publicada por Ladislau Dowbor em sua página:
The Network of Global Corporate Control - S. Vitali, J. Glattfelder eS. Battistoni - Sept. 2011


Um estudo de grande importância, mostra pela primeira vez de forma tão abrangente como se estrutura o poder global das empresas transnacionais. Frente à crise mundial, este trabalho constitui uma grande ajuda, pois mostra a densidade das participações cruzadas entre as empresas, que permite que um núcleo muito pequeno (na ordem de centenas) exerça imenso controle. Por outro lado, os interesses estão tão entrelaçados que os desequilíbrios se propagam instantaneamente, representando risco sistêmico.

Fica assim claro como se propagou (efeito dominó) a crise financeira, já que a maioria destas mega-empresas está na área da intermediação financeira. A visão do poder político das ETN (Empresas Trans-Nacionais) adquire também uma base muito mais firme, ao se constatar que na cadeia de empresas que controlam empresas que por sua vez controlam outras empresas, o que todos "sentimos" ao ver os comportamentos da mega-empresas torna-se cientificamente evidente. O artigo tem 9 páginas, e 25 de anexos metodológicos. Está disponível online gratuitamente, no sistemaarxiv.org

Um excelente pequeno resumo das principais implicações pode ser encontrado no New Scientist de 22/10/2011 (e está publicado a seguir).

(*) O gráfico em forma de globo mostra as interconexões entre o grupo de 1.318 empresas transnacionais que formam o núcleo da economia mundial. O tamanho de cada ponto representa o tamanho da receita de cada uma

A rede capitalista que domina o mundo

Conforme os protestos contra o capitalismo se espalham pelo mundo, os manifestantes vão ganhando novos argumentos.

Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas - sobretudo bancos - tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global.

A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça

Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global.

"A realidade é complexa demais, nós temos que ir além dos dogmas, sejam eles das teorias da conspiração ou do livre mercado," afirmou James Glattfelder, um dos autores do trabalho. "Nossa análise é baseada na realidade."

Rede de controle econômico mundial

A análise usa a mesma matemática empregada há décadas para criar modelos dos sistemas naturais e para a construção de simuladores dos mais diversos tipos. Agora ela foi usada para estudar dados corporativos disponíveis mundialmente.

O resultado é um mapa que traça a rede de controle entre as grandes empresas transnacionais em nível global.

Estudos anteriores já haviam identificado que algumas poucas empresas controlam grandes porções da economia, mas esses estudos incluíam um número limitado de empresas e não levavam em conta os controles indiretos de propriedade, não podendo, portanto, ser usados para dizer como a rede de controle econômico poderia afetar a economia mundial - tornando-a mais ou menos instável, por exemplo.

O novo estudo pode falar sobre isso com a autoridade de quem analisou uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores.

A análise identificou 43.060 grandes empresas transnacionais e traçou as conexões de controle acionário entre elas, construindo um modelo de poder econômico em escala mundial.

Poder econômico mundial

Refinando ainda mais os dados, o modelo final revelou um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas - na média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas.

Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo - as chamadas blue chips nos mercados de ações.

Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo.

E isso não é tudo.

Super-entidade econômica

Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades cruzadas, eles identificaram uma "super-entidade" de 147 empresas intimamente inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo central de 1.318 empresas.

"Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira," diz Glattfelder.

E a maioria delas são bancos.

Os pesquisadores afirmam em seu estudo que a concentração de poder em si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser.

Como o mundo viu durante a crise de 2008, essas redes são muito instáveis: basta que um dos nós tenha um problema sério para que o problema se propague automaticamente por toda a rede, levando consigo a economia mundial como um todo.

Eles ponderam, contudo, que essa super-entidade pode não ser o resultado de uma conspiração - 147 empresas seria um número grande demais para sustentar um conluio qualquer.

A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente.

Eles suspeitam que as empresas podem até competir entre si no mercado, mas agem em conjunto no interesse comum - e um dos maiores interesses seria resistir a mudanças na própria rede.

As 50 primeiras das 147 empresas transnacionais super conectadas

Barclays plc
Capital Group Companies Inc
FMR Corporation
AXA
State Street Corporation
JP Morgan Chase & Co
Legal & General Group plc
Vanguard Group Inc
UBS AG
Merrill Lynch & Co Inc
Wellington Management Co LLP
Deutsche Bank AG
Franklin Resources Inc
Credit Suisse Group
Walton Enterprises LLC
Bank of New York Mellon Corp
Natixis
Goldman Sachs Group Inc
T Rowe Price Group Inc
Legg Mason Inc
Morgan Stanley
Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
Northern Trust Corporation
Société Générale
Bank of America Corporation
Lloyds TSB Group plc
Invesco plc
Allianz SE 29. TIAA
Old Mutual Public Limited Company
Aviva plc
Schroders plc
Dodge & Cox
Lehman Brothers Holdings Inc*
Sun Life Financial Inc
Standard Life plc
CNCE
Nomura Holdings Inc
The Depository Trust Company
Massachusetts Mutual Life Insurance
ING Groep NV
Brandes Investment Partners LP
Unicredito Italiano SPA
Deposit Insurance Corporation of Japan
Vereniging Aegon
BNP Paribas
Affiliated Managers Group Inc
Resona Holdings Inc
Capital Group International Inc
China Petrochemical Group Company


Fonte: http://www.aldeiagaulesa.net/2011/10/matematicos-revelam-rede-capitalista.html