Por Jeison Giovani Heiler
Sou professor universitário e escrevo este artigo para compartilhar algumas conclusões tiradas a partir da “empiria” das ricas discussões travadas em sala de aula, nos fóruns e discussões propostos via web. Na imensa maioria das manifestações parece que é consenso que o capitalismo não é mais "flor que se cheire".
Sou professor universitário e escrevo este artigo para compartilhar algumas conclusões tiradas a partir da “empiria” das ricas discussões travadas em sala de aula, nos fóruns e discussões propostos via web. Na imensa maioria das manifestações parece que é consenso que o capitalismo não é mais "flor que se cheire".
Permito-me sob licença a mim concedida
pelos meus alunos, reproduzir algumas lúcidas manifestações:
“percebemos que o grande sonho americano está virando um enorme
pesadelo americano, pois estão pagando pra ver seus empregos e tudo
que com muito trabalho foi conquistado indo por água a baixo, onde
esta sendo tirado para suprir falhas na economia. Ou ainda “O
capitalismo é uma forma econômica que não beneficia a todos
igualmente, ela é uma forma de governo onde um possui mais valor que
o outro, e onde podemos identificar uma pessoa apenas por seu modo de
vestir e se comportar, ela gera a disputa a vontade de crescer e
conquistar bens matérias e marcas, ela gera um consumo imenso pelo
fato de um querer possuir mais que o outro, pois se você não possui
"tal" sapato, "tal" bolsa ou "tal"
calça você é excluído de certos grupos sociais. Portanto podemos
perceber que o capitalismo de democrático não possui nada e que ele
gera desgastes físicos e psicológicos para quem tenta se dar bem e
conquistar um status neste meio financeiro."
A partir destas e
de outras manifestações pode-se dizer então que estamos de acordo
com o sociólogo português Boaventura de Souza Santos. Ele escreve
respondendo a Gramsci que fala sobre a produção de hegemonia nas
sociedades capitalistas que não é mais necessário que o "sistema"
se preocupe com isso: criação de conformismo com o modelo de
sociedade. Por um motivo muito simples: a sociedade já e dá por
conformada. Porque isso é possível? O que faz com que a sociedade
se dê por convencida de que apesar de seus – graves – defeitos
(talvez irremediáveis) o capitalismo é a única forma de vida
possível?
Com amparo em Boaventura e em outros pensadores críticos
como Francisco de Oliveira no Brasil, pode-se tentar responder a
isso. A razão estaria na impossibilidade que imperou por muito tempo
de que fossem simplesmente pautadas outras formas de organização
possível. Na impossibilidade de pensar e na absoluta criminalização
das utopias.
Contudo, diante da atual crise em que mergulha o sistema
financeiro, levando à bancarrota mega especuladores e bancos
privados, os marcos do sistema de organização capitalista
colocam-se como nunca antes em dúvida. Os chamados “pacotes de
austeridade” impostos aos países mais afetados pela crise ficariam
bem melhor se recebem o nome daquilo que representam de fato:
“bolsa-empresa”. Com a diferença de muitos zeros no final das
cifras. E com a diferença de que o dinheiro deste auxílios
emergenciais dos quais se valem inclusive bancos há pouco tempo
insofismáveis tem sido extraído da grande massa da população
trabalhadora.
Mas, apesar disso, seguimos descrentes das utopias e de
outras formas de organização possível. Apesar disso a sociedade
ri-se com escárnio daqueles que se atrevem a pensar outras formas de
vida. É o momento, contudo, da encruzilhada em que a sociedade de
tempos em tempos se encontra. Tempo em que decide trilhar novos rumos
na construção de outros mundos possíveis. Ou, tempos em que o
recrudescimento e a violência assumem a única forma de
contingenciar a crise inapelável.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO capitalismo realmente é um sistema que não beneficia a todos, pois o mesmo visa lucro (apenas para uma única pessoa), ganha-se conforme trabalha. O próprio socialista Karl Marx aponta que o sistema capitalista que este sistema é muito desigual, e que este é um dos motivos da pobreza.
ResponderExcluirSe trazermos isso para realidade hodierna, percebe-se que está coadunando com o que Marx, dizia, pois como o capitalismo é um sistema que "cada um ganha conforme trabalha" é possível notar diferenças muitas vezes gritantes entre classes sociais, como por exemplo locais frequentados e modos de se vestir.
Isso faz com que uma parte do povo, se sinta inferiorizada por não estar "com a roupa, ou o tênis da moda", fazendo assim algumas pessoas caírem no mundo do crime, roubando/furtando para adquirir algo.
Por outra lado, acredito que o Socialismo se fosse implantado em nosso país hoje não funcionaria porque nossa sociedade não é revestida dos mesmos valores sejam eles culturais, sociais etc.
Uma vez que o Socialismo é um sistema que visa garantir "tudo igual para todos" uma sociedade mais justa, dessa forma para que este funcionasse a sociedade deveria ter os mesmos valores, uma situação que sob meu prisma é difícil de ocorrer pois a grande maioria das pessoas (para não dizer todas) estão "muito bem obrigada", com o sistema hodierno, pois para mudar exige-se um mínimo de vontade,rever valores e adaptação, e um acordo entre as pessoas já que vivemos em um país "democrático" e isso seria difícil de ocorrer em nosso país pelo menos nos tempos atuais.... Enquanto isso, continuamos vivendo em um país com índices de violência e pobreza cada vez mais alarmantes.
Caroline Eichstaedt.
Direito 1.1 - Uniasselvi/Fameg
Caroline, agradeço-lhe pelos comentários.
ResponderExcluirO socialismo, segundo penso, não é uma artefato passível de implantação, como poderia ser um software posto a operar em um computador.
Esse socialismo com o qual sonhamos às vezes, deveria ser muito mais o fruto de uma caminhada longa e árdua para onde, necessariamente, os povos vão caminhando de mãos dadas. Às vezes com armas em punho contra as classes que lhes impedem o passo. Às vezes com a força retirada da democracia construída nos limites do capital.
Mas o que é mesmo o socialismo? Isso pouco importa. É um nome? É um modelo ideal de organização? Não ouso tentar saber.
Desconfio apenas que o que chamou-se modo de produção capitalista, e que tem recebido também tantos nomes ao longo da história, cumpre funções específicas para um certo grupo de pessoas pertencentes ao gênero humano cuja lógica e filosofia de vida consiste em encarar o mundo a partir do próprio umbigo.
E quase todas as coisas construídas pelo homem ao longo de toda a sua jornada tem servido aos interesses umbilicais desse grupo.
O que vamos colocar no lugar disso tudo? Não sei. Não ousaria pensar. A história, temos apreendido, faz-se ao andar. Apenas, para que as coisas não tomem um rumo demasiado voluntarista, carece que tenhamos no horizonte uma direção a seguir.
Esta direção é o que alguns chamam utopia. E que justamente, por estar no horizonte afastado, escapam-nos sua mal distinguida figura e seus contornos.