Dia 8 de março - Dia
internacional da mulher. Dia daquelas pessoas que pertencem ao denominado
gênero feminino. As razões históricas para a data remontam ao movimento
operário de trabalhadoras russas e de trabalhadoras organizadas no partido
comunista dos Estados Unidos[1].
Essa já é uma coisa que muito pouca gente sabe. Mas para além disso, este artigo
quer refletir: porque atribuir um dia específico como data de rememorar as
mulheres? Eis aí uma questão que merece ser pensada desviando-se das respostas
usuais. Cabe refletir que a antítese à memória é o esquecimento. Em segundo
lugar pode-se refletir que a atribuição da efeméride é uma maneira de despertar
atenção à peculiar condição do gênero feminino, como subespécie do gênero
masculino. Boa parte dos direitos relacionados a uma ideia básica de cidadania,
como o direito ao voto, por exemplo, foram atribuídos às mulheres muito
recentemente. Apesar de se dizer que os regimes democráticos remontam desde a
Grécia antiga (sec. V a.C), basta dizer que até os anos 50 a maior parte da
população feminina estava impedida do exercício deste direito. Pode-se dizer
que, atualmente, as mulheres já podem votar e as coisas mudaram muito, pois até
o mercado de trabalho já está aberto para o gênero. É verdade. Entretanto, estes
direitos, conquistados não sem muita luta e resistência pelas mulheres,
revestem-se do caráter de sub-direitos, próprios a uma sub-cidadania
característica da condição de subespécie ao gênero masculino. Pior, para além
da mulher (subespécie) há a mulher subalternizada, negra, velha, feia,
deficiente, obesa a quem nem mesmo o status de mulher é conferido pela
sociedade excludente de tudo aquilo que não possa ser enquadrado nos parâmetros
estéticos californianos. É por isso, dada a condição presente da mulher e
daquelas que não figuram nas capas de revistas, nos (i)realty-shows, ou nos
programas televisivos exibidos no horário nobre, que cabe lembrar o dia 8 de
março não como uma data histórica. Mas como data que registra de maneira
indelével a subcondição da fêmea, mãe, mulher, trabalhadora, capa-de-revista,
ou artigo de luxo disponível àqueles que pagarem o preço em dinheiros contados.
Cabe ouvir o sentido e toda expressão do grito das mulheres que tem marchado. Elas
protestam. E no meio do grito que rompe o silêncio e desafia o punho que ameaça
colocam a nu o corpo e a hipocrisia. Colocam a nu o sexo e a sua valia. E se
for livre é ser vadia, que sejamos todos vadias!!!!
[1]
Traços da história di surgimento da efeméride podem ser consultadas no sitio
oficial das Nações Unidas: http://www.un.org/events/women/iwd/2009/history.shtml
O mesmo artigo, publicado com "alguma" alteração no AN. Isso é censura pra você?
http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a4068457.xml&template=4187.dwt&edition=21533§ion=2782
O mesmo artigo, publicado com "alguma" alteração no AN. Isso é censura pra você?
9 de março de 2013. | N° 1782
ARTIGO
A data dedicada às mulheres
Dia 8 de março foi o Dia Internacional da Mulher. Dia daquelas pessoas que pertencem ao denominado gênero feminino. As razões históricas para a data remontam ao movimento operário de trabalhadoras russas e de trabalhadoras organizadas no partido comunista dos Estados Unidos. Essa já é uma coisa que muito pouca gente sabe. Este artigo quer refletir sobre o porquê de atribuir um dia específico como data de rememorar as mulheres.
Eis aí uma questão que merece ser pensada desviando-se das respostas usuais. Cabe refletir que a antítese à memória é o esquecimento. Em segundo lugar, pode-se refletir que a atribuição da data é uma maneira de despertar atenção à peculiar condição do gênero feminino como subespécie do gênero masculino. Boa parte dos direitos relacionados a uma ideia básica de cidadania, como o direito ao voto, por exemplo, foi atribuído às mulheres muito recentemente. Apesar de se dizer que os regimes democráticos remontam desde a Grécia antiga (século 5 a.C), basta dizer que até os anos 1950 a maior parte da população feminina estava impedida do exercício deste direito.
Pode-se dizer que, hoje, as mulheres já podem votar e as coisas mudaram, pois até o mercado de trabalho já está aberto para elas. Entretanto, estes direitos revestem-se do caráter de subdireitos, próprios a uma subcidadania característica da condição de subespécie ao gênero masculino. Pior, há a mulher subalternizada, negra, velha, deficiente, obesa a quem nem o status de mulher é conferido pela sociedade.
É, por isso, dada a condição presente da mulher e daquelas que não figuram nas capas de revistas, nos (i)reality shows, ou nos programas televisivos exibidos no horário nobre, que cabe lembrar o dia 8 de março não como uma data histórica. Mas como data que registra de maneira indelével a subcondição da fêmea, mãe, mulher, trabalhadora, capa de revista ou artigo de luxo disponível a quem pagar o preço. Cabe ouvir o sentido e toda expressão do grito das mulheres que têm marchado. Elas protestam. E no meio do grito colocam a nu o corpo e a hipocrisia.
Eis aí uma questão que merece ser pensada desviando-se das respostas usuais. Cabe refletir que a antítese à memória é o esquecimento. Em segundo lugar, pode-se refletir que a atribuição da data é uma maneira de despertar atenção à peculiar condição do gênero feminino como subespécie do gênero masculino. Boa parte dos direitos relacionados a uma ideia básica de cidadania, como o direito ao voto, por exemplo, foi atribuído às mulheres muito recentemente. Apesar de se dizer que os regimes democráticos remontam desde a Grécia antiga (século 5 a.C), basta dizer que até os anos 1950 a maior parte da população feminina estava impedida do exercício deste direito.
Pode-se dizer que, hoje, as mulheres já podem votar e as coisas mudaram, pois até o mercado de trabalho já está aberto para elas. Entretanto, estes direitos revestem-se do caráter de subdireitos, próprios a uma subcidadania característica da condição de subespécie ao gênero masculino. Pior, há a mulher subalternizada, negra, velha, deficiente, obesa a quem nem o status de mulher é conferido pela sociedade.
É, por isso, dada a condição presente da mulher e daquelas que não figuram nas capas de revistas, nos (i)reality shows, ou nos programas televisivos exibidos no horário nobre, que cabe lembrar o dia 8 de março não como uma data histórica. Mas como data que registra de maneira indelével a subcondição da fêmea, mãe, mulher, trabalhadora, capa de revista ou artigo de luxo disponível a quem pagar o preço. Cabe ouvir o sentido e toda expressão do grito das mulheres que têm marchado. Elas protestam. E no meio do grito colocam a nu o corpo e a hipocrisia.
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