choveram três dias seguidos
o sol ainda não se atreve de todo
a vida é este mistério Ivone
Euclides sentou-se na soleira da porta e acendeu o primeiro cigarro depois de muitos anos. Minuto a minuto apenas observa a fumaça tecendo caracóis no ar umido e espesso que tomou conta da atmosfera nos ultimos três dias. Ao seu lado jaz um vaso com uma planta de folhas largas cujo nome ignora em absoluto. Ela as adorava consegue pensar. É um tipo de apego estranho este que relaciona pessoas e plantas. Que parte humana cultiva tal necessidade por manter vivas e tenazes toda espécie de plantas e folhagens. Agora, são as coisas que sobraram. Um par de gatos. Certos vasos. alguns já tendo habitado mais de um velório. Alguns livros. Um punhado de fotografias. Uma outra dezena de sorrisos e momentos que o tempo deve se encarregar de apagar com a mesma frieza torpe com que as trouxe. Não haverá casa alguma por visitar porque não a teve. Habitou quase uma dezena de casa nos ultimos anos. De modo que nenhuma delas servirá como porto para as dores da partida incontornável. Euclides quer viver. Quer entornar ainda graves goles de vida compungente. Mas não sabe bem onde pousar o próximo passo. Ela fora sempre sua mais profunda e sincera admiradora. Apesar de que andasse completamente distante nos ultimos tempos. Chegavam-lhe quase sempre notícias suas. De que tencionava rever-lhe. De que esperava ansiosa por mais um encontro. Entretanto. Novos episódios não vieram. Esteve metido nas gretas cruas de lugares sórdidos. Habitou profundas paragens e sitios obscuros. Confundiu-se tanto com o correr dos dias até quase sucumbir por completo. Agora enquanto sorve mais um trago do cigarro dá-se conta de que se não fosse por ela, talvez não estivesse ai sentado, vivendo as sensações obtusas do luto. Alimentado em parte pela sensação confusa de não mais poder habitá-la em seus pensamentos. A vida é este mistério raro. Haverá uma alma menos por habitar. E sua vida se dissipa com a fumaça da última baforada.
----------------
o sol ainda não se atreve de todo
a vida é este mistério Ivone
Euclides sentou-se na soleira da porta e acendeu o primeiro cigarro depois de muitos anos. Minuto a minuto apenas observa a fumaça tecendo caracóis no ar umido e espesso que tomou conta da atmosfera nos ultimos três dias. Ao seu lado jaz um vaso com uma planta de folhas largas cujo nome ignora em absoluto. Ela as adorava consegue pensar. É um tipo de apego estranho este que relaciona pessoas e plantas. Que parte humana cultiva tal necessidade por manter vivas e tenazes toda espécie de plantas e folhagens. Agora, são as coisas que sobraram. Um par de gatos. Certos vasos. alguns já tendo habitado mais de um velório. Alguns livros. Um punhado de fotografias. Uma outra dezena de sorrisos e momentos que o tempo deve se encarregar de apagar com a mesma frieza torpe com que as trouxe. Não haverá casa alguma por visitar porque não a teve. Habitou quase uma dezena de casa nos ultimos anos. De modo que nenhuma delas servirá como porto para as dores da partida incontornável. Euclides quer viver. Quer entornar ainda graves goles de vida compungente. Mas não sabe bem onde pousar o próximo passo. Ela fora sempre sua mais profunda e sincera admiradora. Apesar de que andasse completamente distante nos ultimos tempos. Chegavam-lhe quase sempre notícias suas. De que tencionava rever-lhe. De que esperava ansiosa por mais um encontro. Entretanto. Novos episódios não vieram. Esteve metido nas gretas cruas de lugares sórdidos. Habitou profundas paragens e sitios obscuros. Confundiu-se tanto com o correr dos dias até quase sucumbir por completo. Agora enquanto sorve mais um trago do cigarro dá-se conta de que se não fosse por ela, talvez não estivesse ai sentado, vivendo as sensações obtusas do luto. Alimentado em parte pela sensação confusa de não mais poder habitá-la em seus pensamentos. A vida é este mistério raro. Haverá uma alma menos por habitar. E sua vida se dissipa com a fumaça da última baforada.
----------------
Nenhum comentário:
Postar um comentário