haverá momentos raros
o mar ingressando na nudez da aurora
ainda o mar impresso na extensão
inteira dos teus olhos úmidos
poesia elíptica em gomos
favos mornos de sangue
reclamos roucos intestinais
meninos e meninas
avessos a toda forma de letrar
comportamentos
ávidos
ávidos
ávidos
por você
matéria prima
daquele que em outros tempos fui
haverá momentos raros
vou visitar você
na cama
na banheira de espuma
no elevador
no meio da rua
na sarjeta de qualquer lugar
no meio de uma conferência sobre tudo o que fazem com as mulheres no Brasil e no Arzebaijão
vou visitar você
não sei
haverá momentos raros
por sentir
sob a soleira firme do teu olhar
quedo meus desamparos
doentes de estilo
uma camiseta branca
uma visagem longa
teu olhar descende mistérios
imprimindo cheiros em slow motion
na carne bravia sob minha pele
haverá momentos raros
e centenas de sonhos por explicar
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