Em entrevista à DW em Berlim, presidenta eleita Dilma Rousseff destacou que o Brasil "precisa se reencontrar" para sair da crise política que enfrenta e que não se deve ter espírito vingativo nas próximas eleições, o que não significa perdoar os golpistas do PMDB e PSDB.

"Uma hora nós vamos ter que nos reencontrar. Uma parte do Brasil se equivocou. Agora isso não significa perdão àqueles que planejaram e executaram o golpe. Você tem uma porção de pessoas que foram às ruas e que estavam completamente equivocadas. Mas você não vai chegar para elas e falar 'nós vamos te perseguir'. Precisamos criar um clima de reencontro, entende? Não vai ser um clima vingativo, não pode ser isso", frisou Dilma.
Falando sobre o que restou dos partidos e grupos que encabeçaram o golpe contra o seu mandato, a presidenta enfatizou que, com o impeachment "o PSDB acabou, sumiu".
"O que os conservadores conseguiram produzir? Produziram a extrema direita, o MBL [Movimento Brasil Livre] e o [Jair] Bolsonaro. E o que ainda é novo no Brasil? O gestor incompetente, tipo o Trump? O João Dória? Ou você deseja a política de animação de auditório como política social, que é o Luciano Huck? Isso é o novo?", indagou.
Questionado sobre a suposta necessidade de "novas lideranças", Dilma respondeu: "Sabe o que eu acho que é o novo? Esse foi um pensamento que tive depois do caso do William Waack. Você sabe o que é coisa de preto? O PT é coisa de preto. O Lula é coisa de preto. Nós somos coisa de preto. Eu sou uma coisa de preto".
Na entrevista, Dilma foi questionada se acreditava que a história vai ia lhe dar razão. "A história no Brasil tem sido rápida. Ela já está me dando razão", respondeu a presidenta.
"Eduardo Cunha, que presidiu meu impeachment, foi afastado, suspenso, condenado a nove anos e está preso. Vários processos mostram que ele comprou deputados. Também foi comprovado que os motivos alegados para o impeachment eram ridículos, que não pratiquei nada ilegal", lembrou Dilma. "Alegaram que o impeachment ia resolver a crise econômica e política, mas essas crises só se aprofundam. O atual presidente usurpador já foi denunciado duas vezes, e o senador Aécio Neves também, ambos enfrentam provas cabais e gravações. Mas essas duas pessoas continuam em seus cargos, enquanto duas outras [Dilma e Lula] são acusadas apenas por terem sido presidentes", completou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário