Jonathan Tepper, editor chefe da Variant Perception, lista as medidas que um Estado será obrigado a tomar dias antes de abandonar o euro
Numa altura em que a saída da Grécia do euro insiste em não sair das primeiras páginas dos jornais, Jonathan Tepper, editor chefe da Variant Perception – um grupo de pesquisa macroeconómica - criou uma lista de tarefas obrigatórias, caso um país deseja abandonar a moeda única. Todo o processo terá de ser muito rápido e deverá surgir como uma surpresa para os mercdos financeiros. Tepper é co-autor do livro “The End of the Debt Supercycle”.
Conheça os 13 pontos em baixo:
1- Organizar uma sessão parlamentar especial a um sábado, com o objetivo de aprovar legislação que inclua todos os detalhes da saída do euro. Entre os principais elementos que terão de ficar definidos está a introdução de uma nova moeda, o processo de saída de circulação da divisa anterior, bem como a criação de mecanismos de controlo de capital e a transferência da dívida existente para uma nova moeda. No caso de Portugal, a previsível desvalorização significativa da futura moeda, implicaria um aumento considerável do montante de dívida pública, que atualmente está em euros.
2 – Criar uma nova moeda que, em princípio, significaria um regresso à divisa pré-euro. Para Portugal, o escudo. Todo o capital que esteja dentro das fronteiras nacionais passará a estar sob essa nova denominação. Dívida ou depósitos detidos por cidadãos nacionais, mas fora do país, não sofrerão qualquer tipo de alteração.
3 – Voltar a colocar o banco central nacional (no nosso caso, o Banco de Portugal) à frente de toda a política monetária, sistema de pagamentos, gestão de reservas, etc. Tepper recomenda que o banco central não financie passivos orçamentais para manter taxas de juro e inflação baixas, embora refira que este último ponto não é essencial para a saída.
4 – Impedir transferências de capital durante o fim-de-semana. Criar um mecanismo de controlo de capital para impedir uma fuga maciça de capitais para o exterior.
5 – Declarar um ou dois feriados obrigatórios para os bancos, permitindo-lhes que façam as alterações necessárias na sua atividade.
6 – Iniciar um processo gigantesco para marcar com tinta ou colar selos em notas de euro já existentes. Deverão ser criados balcões de troca de divisas por todo o país. As notas de euro passariam a ter o mesmo valor que a nova moeda.
7 – Imprimir novas notas o mais rápido possível. Assim que existam notas suficientes para começar a circular, deve iniciar-se o processo de substituição das notas marcadas anteriormente.
8 – Permitir que a moeda seja comercializada livremente nos mercados internacionais, deixando-a sujeita a flutuações. No caso do escudo, isso iria provocar uma desvalorização significativa do valor da divisa.
9 – Criar mecanismos mais céleres de gestão de falências e dar mais recursos aos tribunais responsáveis por estes processos. Prevendo-se que os pedidos de falência disparem, será importante torná-los o mais ágeis possível.
10 – Iniciar negociações para uma reestruturação da dívida, possivelmente intermediadas pelo FMI. Leia mais: http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO033783.html
11 – Notificar o Banco Central Europeu (BCE) e trabalhar em conjunto com a instituição liderada por Mario Draghi, de forma a criar mecanismos de segurança que atuem sobre os problemas que deverão emergir no sistema financeiro e no mercado interbancário.
12 – Negociar com o BCE a avaliação dos atuais ativos e passivos.
13 – Por último, Tepper recomenda reformas no mercado laboral que rompam com o alinhamento dos aumentos salariais à inflação. Nos meses seguintes a uma saída do euro, a inflação deverá disparar. O seu controlo deve ser efetuado por meio de reformas estruturais de longo prazo.
Fonte: Blog do Nassif
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