quarta-feira, 11 de abril de 2012

O fim da greve que começou no banheiro

Extraído: Jornal ANotícia - 11 de abril de 2012. | N° 1459

GREVE NA TUPY

O fim da greve que começou no banheiro

Paralisação na Tupy acaba após reunião que decidiu por um aumento de 8% nos salários dos mais de 7 mil trabalhadores

A paralisação de 36 horas da Tupy, que terminou ontem e resultou em um aumento de 8% nos salários, começou com bilhetes trocados nos banheiros e vestiários da empresa. As primeiras conversas sobre uma possível greve começaram em janeiro.

Reclamações sobre problemas no ambiente de trabalho foram levadas inicialmente à Comissão Interna sobre Prevenção de Acidentes (Cipa). “Falávamos das nossas insatisfações nas reuniões da Cipa e nunca fomos ouvidos. Alguma vezes falavam em nos dar advertências caso continuássemos a reclamar”, revela um dos trabalhadores que liderou o processo de mobilização interna. Vendo que as reclamações não surtiam efeito, os trabalhadores começaram a trocar ideias por meio de bilhetes que eram colocados nos banheiros e vestiários.

“Deixávamos uma lista perguntando quem era a favor de fazer uma greve para reivindicar melhoria dos salários e do ambiente de trabalho. O pessoal escrevia na lista o nome e o turno em que trabalhava. Quando contamos um número forte o suficiente para fazer o movimento, começamos a organização”, diz o operário.

Os funcionários afirmam que os banheiros estampavam murais para a comunicação. O ritmo de trabalho nas máquinas era intensificado para que não houvesse oportunidade de conversa durante o expediente. Depois das listas de adeptos da greve, começaram os bilhetes para acertar o dia em que o movimento começaria.

A apresentação dos resultados da empresa à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na segunda da semana passada, foi o detonador do movimento. O faturamento de R$ 2,19 bilhões em 2011 (16,8% a mais do que no ano anterior) e os lucros de R$ 203,4 milhões (31,7% maiores) foram a senha. “Isto foi fundamental para o início da greve”, diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Genivaldo Ferreira.

Os funcionários do terceiro turno, que entraram às 5 horas de domingo, saíram de seus postos de trabalho por volta das 3h30 de segunda-feira, cientes de que os colegas do turno seguinte, que começaria às 5 horas, já estariam preparados para a mobilização. Começava ali a greve que surpreendeu a Tupy.

Nenhum comentário:

Postar um comentário