sexta-feira, 28 de março de 2014

A culpa é da vítima.

Nesta última semana o assunto em todas as cavernas, rodas de conversa ao redor da fogueira, e em sessões de canibalismo era a divulgação da pesquisa do IPEA – Instituto de pesquisa econômica aplicada, que revelou o que pensa o brasileiro quando o assunto é a violência contra as mulheres, expresso na forma do estupro. Nada menos do que a esmagadora maioria, 65%, disse que a culpa é das mulheres, que usam roupas provocantes.


Uma pesquisa de um instituto sério como o IPEA, não pode ser desacreditada. Contudo, penso que faltou na análise imposta aos entrevistados, a consideração de outros possíveis “culpados” além, da própria vítima. A mulher, de acordo com a pesquisa, está suportando o estupro, e além disso, a culpa pelo crime. Como se ela fosse uma espécie de comparsa do estuprador.

Para dividir um pouco essa culpa, na verdade, o ideal seria que o entrevistado considerasse que a "culpa" mesmo pode ser atribuída aos seguintes atores:

a) Industria têxtil e do vestuário -  por ter lançado grifes de roupas "estupre-me-wear" visando unicamente o lucro sem atentar para o risco destas grifes de vestimenta.

b) Das Academias – por estimularem as mulheres a malharem até o ponto em que se tornam irresistíveis. A malhação em acadêmica deveria visar somente a saúde, jamais a estética

c) Das nutricionistas – por indicarem dietas que transformam as mulheres em verdadeiras peças de filé mignon ambulantes, e que atuando com seus comparsas donos de acadêmica e médicos não permitirem que as mulheres engordem, deixando de ser atrativas para uma legião inteira de tarados de plantão.

d) Dos médicos – Por fazerem cirurgias plásticas e implantes de próteses artificiais que não permitem que as mulheres envelheçam, mantendo-as por um período maior na vitrine do consumo sexual, o que aumenta a demanda de tarados, estupradores e congêneres.

e) Da igreja – por ter cessado com as sessões públicas e privadas de tortura e fogueiras acessas com os corpos de pecadoras impuras que utilizam-se deste tipo de roupa para insinuar-se para o demônio enfeitiçando os indivíduos do sexo masculino, seres perfeitos por natureza.

f) Do governo por não obrigar a indústria a inserir advertências nas roupas, alimentos dietéticos, consultórios de cirurgia plástica, ou de nutricionistas, como aquelas que aparecem nos maços de cigarro ou em anúncios publicitários de bebidas alcoólicas. Nesse caso a grife de roupas provocantes, as acadêmias, etc deveriam obrigatoriamente dar o seguinte aviso “Cuidado, ao consumir este produto você está afetando a libido incontrolável de tarados, estupradores, voyeurs, cães no cio, lobos, orangotangos e todas as demais espécimes de indivíduos macho-alfa” ou um aviso mais direto: “Advertência: Risco de estupro”

O sarcasmo não é o meu forte. Nem a ironia. Só que é.

Por Jeison Giovani Heiler

Deu aqui: http://nanabritomorais.jusbrasil.com.br/artigos/114760429/a-culpa-e-da-vitima#comments

E aqui: http://atualidadesdodireito.com.br/diegobayer/2014/03/28/a-culpa-e-da-vitima/

6 comentários:

  1. Bom dia. Ótimo Jeison. O Publicamos no Blog Todo dia Blumenau com todos os créditos e links devidos. http://www.tododiablumenau.com.br/2014/04/spciedade-culpa-e-da-vitima.html
    Você tem algum e-mail para contato?

    Atts

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, agradeço as palavras! Meu e-mail é o jeisonheiler@gmail.com. Apareça sempre!

      Excluir
  2. Parabéns! Vou ser obrigada a reproduzir no meu site, com todos os créditos!

    ResponderExcluir
  3. Fantástico o artigo Jeison, sou advogada e curso serviço social, certamente levarei seu artigo para discussão em sala!!

    ResponderExcluir
  4. Agora sim, uma reflexão (im) pertinente se fez presente nessa discussão inglória e desvirtuada.

    ResponderExcluir