segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Coronel Malhães: Memórias sujas da Ditadura

O tenente-coronel Paulo Malhães, morto em seu sítio no interior no Rio de Janeiro em abril, fez 14 viagens secretas ao sul do Brasil durante a ditadura, segundo reportagem publicada nesta segunda-feira (24) pelo jornal "O Globo". As viagens, realizadas entre 1976 e 1980, seriam parte da "Operação Gringo", deflagrada em parceria com a Argentina para perseguir e caçar refugiados no Brasil, principalmente os militantes da guerrilha montonera.
Segundo o jornal, as viagens reforçam as suspeitas sobre o envolvimento direto do governo brasileiro na morte e no desaparecimento de argentinos no Brasil. O grupo do Ministério Público Federal batizado de "Justiça de Transição", que investiga os crimes do regime militar brasileiro, teria encontrado dois volumes denominados "Operação Gringo" no sítio do tenente-coronel, comprovando o monitoramento de estrangeiros no Brasil.
Em depoimento à Comissão Estadual da Verdade, Malhães confessou ter ajudado a prender argentinos adeptos de movimentos revolucionários que buscavam refúgio ou que passavam pelo Brasil e relatou a captura de um líder do grupo Montoneros. Entre eles estava um líder do grupo Montoneros, cujo nome não foi revelado. "Aí o presidente me chamou: 'Malhães, qual foi a cagada [sic] que você fez aí [no Rio de Janeiro]? Sequestrou um argentino importante?'. Eu sequestrei. Eu realmente sequestrei. Mandei de volta para a Argentina", declarou.
Malhães, que confessou ter torturado e matado presos políticos na ditadura morreu em 25 de abril em sua casa em Nova Iguaçu (RJ) após ter seu sítio invadido. Três pessoas foram presas acusadas pelo crime. Segundo a polícia, houve um latrocínio: o grupo queria revender as armas que o coronel guardava em casa. A polícia descartou a possibilidade de o crime ter relação com a atuação de Malhães como torturador na ditadura.

http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2014/11/24/coronel-malhaes-fez-14-viagens-secretas-ao-sul-do-pais-durante-a-ditatura.htm




Comissão da Verdade investiga violações cometidas na ditadura125 fotos

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25.mar.2014 - O coronel reformado Paulo Malhães fala a representantes da Comissão Nacional da Verdade, em audiência pública realizada na tarde desta terça-feira (25). Em depoimento, ele afirmou que tinha pavor de interrogar mulheres e gays, em referência à sua atuação na Casa da Morte de Petrópolis, um dos centros clandestinos de tortura do regime militar, na serra fluminense Pedro Kirilos / Agencia O Globo
O coronel reformado do Exército Paulo Malhães foi encontrado morto, na manhã desta sexta-feira (25), no sítio em que morava, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O corpo apresentava marcas de asfixia, informou a Polícia Civil. O caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense.
Malhães prestou depoimento em março à Comissão Nacional da Verdade em que relatava ter participado de prisões e torturas durante a ditadura militar. Disse também que foi o encarregado pelo Exército de desenterrar e sumir com o corpo do deputado Rubens Paiva, desaparecido em 1971.
De acordo com o relato da viúva Cristina Batista Malhães, três homens invadiram o sítio de Malhães na noite desta quinta-feira, 24, à procura de armas. A versão foi confirmada pelo delegado Fábio Salvadorete, responsável pela investigação. O coronel era colecionador de armamentos, disse a mulher aos policiais da DH-Baixada que estiveram na propriedade.
"Não estamos descartando nenhuma hipótese. Pode ter sido um homicídio por motivo de vingança e até mesmo um latrocínio, uma vez que foram levados vários pertences da vítima", afirmou Salvadorete. Segundo o delegado, os criminosos levaram dois computadores, pelos menos três armas antigas colecionadas pelo militar, um aparelho de som, joias e cerca de R$ 700 em dinheiro.
Cristina disse que ela e o caseiro foram amarrados e trancados em um cômodo, das 13h às 22h desta quinta-feira (24), pelos invasores. Em nota, a Polícia Civil informou que agentes "buscam imagens de câmeras de segurança que possam auxiliar na identificação" dos suspeitos de assassinar o militar.
"A perícia de local foi realizada e a mulher da vítima e o caseiro já foram ouvidos. Os agentes buscam imagens de câmeras de segurança que possam auxiliar na identificação da autoria do crime. Foram roubados armas da coleção da vítima e computadores. O caseiro será encaminhado para confecção de retrato falado", informou a instituição.
O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, afirmou ter solicitado ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) que a Polícia Federal acompanhe as investigações sobre o assassinato do coronel. Já o Exército afirma, por meio de sua assessoria de imprensa, que "aguarda as investigações dos órgãos de segurança pública".
Luiz Roberto Lima/Extra/Agência O Globo
Peritos inspecionam casa do sítio do coronel Paulo Malhães, encontrado morto na manhã desta sexta-feira (25), em Nova Iguaçu
"Por se tratar de uma situação que envolve investigação conduzida pela CNV, que é órgão federal, pedi que a Policia Federal fosse acionada para acompanhar as investigações conduzidas pela Polícia Civil do Rio", afirmou Dallari.
O presidente da CEV-RJ (Comissão Estadual da Verdade), Wadih Damous, afirmou ser "possível que o assassinato do coronel Paulo Malhães tenha sido queima de arquivo". Para Damous, o crime tem que ser investigado com rigor.
"Na minha opinião, é possível que o assassinato do coronel Paulo Malhães tenha sido queima de arquivo. Ele foi um agente importante da repressão política na época da ditadura e era detentor de muitas informações sobre fatos que ocorreram nos bastidores naquela época. É preciso que seja aberta com urgência uma investigação na área federal para apurar os fatos ocorridos no dia de hoje. A investigação da morte do coronel Paulo Malhães precisa ser feita com muito rigor porque tudo a leva a crer que ele foi assassinado", declarou.
Já a ministra Ideli Salvatti (Direitos Humanos) disse que seria "irresponsável" concluir que o assassinato de Malhães foi queima de arquivo sem a investigação sobre a morte. Ela cobrou seriedade dos órgãos de segurança nas apurações do caso. "Seria uma irresponsabilidade prestar declaração que associe o assassinato ao depoimento antes que qualquer tipo de investigação indique isto. Não podemos fazer acusações", defendeu a ministra.
A advogada Nadine Borges, que também integra CEV do Rio, afirmou à Folha de S.Paulo ter conversado com uma das filhas do militar. Segundo ela, a mulher do coronel foi amarrada e todas as armas do militar foram roubadas. "A polícia tem que investigar a fundo esse crime. Tudo indica que é uma queima de arquivo", disse ela.
A ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República Maria do Rosário comentou a morte de Malhães.
"Soa estranho que, após essas revelações, o militar tenha sido assassinado. Estou entrando em contato com os ministros Ideli (SDH) e José Eduardo Cardozo (MJustiça) para pedir apoio da Polícia Federal na investigação", escreveu ela em sua página no Twitter. (Com Agência Brasil)

MORRE CORONEL USTRA, EX-CHEFE DO DOI-CODI : 15/10/2015.


http://www.brasil247.com/pt/247/brasilia247/201031/Morre-coronel-Ustra-ex-chefe-do-DOI-Codi.htm

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