Publicado em: http://rondoniaovivo.com/noticia/e-preciso-olhar-para-ver-jogos-ocultos-no-impeachment-da-presidente-dilma/137571
Muito tem se dito a respeito do Impeachment
da Presidente Dilma Roussef. Atualmente, há duas questões na ordem do dia: i) Reprovação de contas no TCU (diz respeito a
atos praticados na administração anterior); ii) Eventuais crimes eleitorais
praticados pela presidente (relativos a atos praticados durante o período de
campanha eleitoral). Embora bastante
distintas, ambas poderiam, de fato, levar à queda da presidente.
O que
varia seria a influência das forças políticas e o day after, ou, os efeitos em um eventual
cenário pós-Dilma. Neste breve ensaio tratarei de cada uma destas variáveis
separadamente:
A variável política
A política na sua visão mais crua é o jogo organizado de diferentes
forças políticas. Estas forças embora tenham se polarizado na disputa
presidencial de forma bastante aguda, não necessariamente espelham esta
polarização na cena atual, no interior do congresso e nas instituições
políticas da república, tais como o TCU, a Polícia Federal, o Ministério
Público, ou o Judiciário. É isto que explica o porquê da manutenção da
presidente no cargo até o presente momento, e até mesmo, a enorme dificuldade
para que se efetive sua deposição.
No interior do Congresso o maior sintoma da presença de uma pluralidade
de forças, é a divisão que se dá no seio do PMDB. Com Eduardo Cunha, por
exemplo, expressando o desejo manifesto de romper com o governo, apesar de sua
sigla ter fechado acordo e ocupar o número cabalístico de 7 ministérios na
coalizão governista.
Mesmo no maior partido de oposição a divisão é patente, Alckmin, Serra e
Aécio, possuem visões distintas sobre o futuro da presidente da república[1].
Sem dúvida, o cenário mais suscetível à variável política é o da
desaprovação das contas pelo TCU (por si, um ato eminentemente político).
O dia seguinte
As consequências da eventual deposição da presidente, levam,
necessariamente a diferentes cenários e estratégias adotadas pelas forças
políticas. Se a eventual deposição dar-se via impeachment no congresso em
decorrência da desaprovação de contas pelo TCU, o Vice, Michel Temer, do PMDB,
poderia assumir a presidência da República. Não por acaso, Eduardo Cunha já deu
declarações, contrariando a relatora da Comissão Mista do Orçamento no
Congresso, de que não haverá tempo para votar o relatório do TCU ainda este
ano.
Por outro lado se a queda da presidente se der via Cassação Judicial
(que sendo um poder político não está imune às diferentes forças políticas) o
vice-presidente poderia ser afetado. Sucede a presidência neste caso o atual
presidente da câmara, Eduardo Cunha.
Como este último está embaraçado com suas contas na Suiça, é possível
que este cenário sofra alguma inibição por parte do seu maior acossador até o
presente momento.
Concluindo, em ambos os cenários de um possível pós Dilma, vê-se uma vez
mais, a interferência das variáveis políticas.
A política se define, como já se disse alhures, em um jogo em que cada
jogador, acaso tenha a informação adequada, sempre irá escolher a opção que
melhor lhe assegure a maximização de seu payoff. A dificuldade da análise, contudo, reside no fato de que
nem sempre, as múltiplas arenas do jogo estão visíveis. Embora ao observador
possa parecer que o jogador participa de um jogo único, isto quase nunca é
verdade na política. É preciso agudeza no olhar para apanhar os chamados
"jogos ocultos[2]".
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