Por Jeison Giovani Heiler - Poema Integrante do Livro "Escombros" - Premiado pelo Edital de Cultura Elisabete Anderle - 2017.
letras tortas
pra lavar o que ficou de você
How many years must a mountain [of love] exist
Before it is washed to the sea? Yes?
and how many years
can some people exist
Before they're allowed to be free?
Yes?
and how many times
must a Jee turn his head
And pretend that
he just doesn't see?
nothing to give
for you
nothing for [...
promises
to dream
to submit
to fuck
anything
unless
frases desconexas
e doses de sentido
doses incompletas
urgentes de sentido
tão pungentes
but the wind
sopra com seu hálito quente
esmurra contra minha face
seus diretos de esquerda
how many times
must a man turn his head
And pretend
that he just doesn't see?
anywhere and now
pode estar
deitada
olha pro teto
e não vê
olha pro lado
e não vê
olha pra dentro
e não vê
olha através
do contrário e
ao avesso
o que teria sido meu bem
palavras quentes - um pouco de manteiga
talvez uma tarde de chuva
é confortável aí dentro?
adivinho um raio de sol
pegado à tua pele
adivinho a consistência
da saliva dentro da tua boca
o vigor pulsando
adivinho um par de olhos
semicerrados
teus lábios
grossos açucarados
[e um monte de sacanagem que não posso mais dizer
desinfetarei o mundo de sentidos
e me comportarei dentro de meus sapatos
e nós de gravata desajeitados
não caibo no mundo
e o mundo não cabe aqui dentro
mas
dobrei no bolso de trás um rascunho
mad world
é melhor ser amado
ou temido?
é melhor ser amado
ou esquecido?
é melhor desaguar
um mar aqui dentro
continua a não existir
porra nenhuma
pra você
meu bem
e ainda assim
insisto
alimento
com meus ossos
com o que restar
de mim sobre o asfalto
esse amor famélico-infecto
desinfetarei o mundo de sentidos
restará a mudez
e o ruído acrítico das
massas
o vozerio
solidão compacta
a cada mergulho no mar revolto
regressaremos mais enxutos
secos sujos solitários
porém livres
porém livres
e solitários
livre é a partícula
átomo esvoaçante
pairando sobre os
escombros
sobre telhados
de zinzo
sobre pretos
bichas
velhos
e mães solteiras
mal letradas
apoiando-se
esses desgraçados
no que há de comum
do infortúnio
social
setenta por cento do mundo
não tolera mais você
estampa algum jornal
em letra garrafal
o resto é o que tem sobrado
mad mad world bebé
como é ser
este tipo de molécula
cancerosa?
radical?
[livre?
e
só?
como é dançar
no espaço
surdo
aos teus gemidos
os cães ainda ladram
mas o eco é seco
opaco
oco
reto
desinfeto
o prefeito da capital
já pintou os muros e as paredes
desinfetou com jatos sórdidos
da agua escassa
os desvalidos
da crack-land
o prefeito da capital
injetou
e há muito mais tempo
doses
cavalares de desamor
no lobo parietal
desintegrou os espaços do cracko
desinfetou os espaços do afeto
certo, você dirá
as pessoas ainda se amam
no becos
nos guetos
assim como fumam
no fluxo
no lixo
cachimbos
de lata
enquanto
do lado
a morte
ensaia
sua valsa
lúgubre
amores
dores
cores licores
vapores
marginais
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