quarta-feira, 14 de março de 2012

Uma pitada de Brecht no tabuleiro eleitoral

Por Jeison Giovani Heiler

Publicado no Jornal ANotícia 14/03/2012 - nº 1.430

É março, há pouco mais de 3 meses do fechamento do prazo para os partidos definirem o quadro eleitoral que se encerra em 30 de junho as peças se ejeitam no tabuleiro. A cobertura da imprensa acerca dos bastidores desse jogo fornece apenas uma parcela da dimensão das tensões que pairam sobre a arena eleitoral. 

O jogo é sempre o mesmo e se repete a cada quatro anos, candidatos e partidos formando coalizões com vistas à chegada (ou permanência) no poder. Mas o que é o poder? Onde está este poder? E qual o seu alcance? A filósofa Hanah Arendt prescreveu já há algum tempo “Na política não há espaços vazios”, “Não há vácuos de poder”. Este vácuo de poder como dissera Brecht em seu célebre poema, é criado pelo analfabeto político, de cuja ignorância política, não sabe o imbecil, “nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”. 

O que o cidadão comum não pode, é substimar o alcance dos tentáculos do poder: ou como você acha que se definem as tarifas de transporte coletivo, as vagas nas creches de seus filhos, o preço do pão na padaria, e até mesmo a programação estúpida enfiada goela abaixo nos canais de televisão? A linguagem é ácida, porque ácida é a fome na pele dos miseráveis, e a miséria meu senhor, minha senhora, é a filha primeira da ignorância política que permite espaços vazios na política. 

Agora um recado aos partidos: Não sei quantos dos candidatos e partidos em disputa pelo poder na arena eleitoral desta cidadela do vale estão ampliando esse debate até as suas bases e entre todos os seus filiados. O que sei é que já é hora! Falemos a linguagem dos simples. Convoquem-se os cidadãos, mas não apenas para engrossar os números de filiados. Que os cidadãos possam opinar quais os rumos das alianças e democratizar o processo de escolha daqueles que podem ser escolhidos. Há muito deixamos de viver em uma aldeia para que velhos caciques ainda decidam o futuro eleitoral de forma isolada e autoritária.

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