Por Jeison Giovani Heiler
“É proibido fracassar.” Esta poderia ser uma das máximas da sociedade capitalista na qual nascemos, inevitavelmente, submergidos. Sabidamente uma sociedade capitalista se distingue na medida em que estimula os indivíduos a competição desenfreada por status social, oportunidades, e sucesso. Muitas vezes a qualquer custo. Esta competição se desdobra entre indivíduos, empresas, organismos não governamentais, e inclusive entre diferentes Estados.
“É proibido fracassar.” Esta poderia ser uma das máximas da sociedade capitalista na qual nascemos, inevitavelmente, submergidos. Sabidamente uma sociedade capitalista se distingue na medida em que estimula os indivíduos a competição desenfreada por status social, oportunidades, e sucesso. Muitas vezes a qualquer custo. Esta competição se desdobra entre indivíduos, empresas, organismos não governamentais, e inclusive entre diferentes Estados.
A reflexão que faço a seguir é simples. Absolutamente primária. Como muitas outras reflexões simples e primárias que temos deixado de fazer. Em um cenário de uma competição com incontáveis participantes e lugares reservados nos pódios da vida a cada vez mais restringidos, como é possível não conviver com um exército de fracassados. O raciocínio é elementar. Trata-se de uma questão de lógica aritmética primária. “É proibido fracassar.”
Agora é o momento em que talvez você queira revisar essa máxima das sociedades capitalistas. Toda a publicidade midiática é produzida a partir de e para reforçar essa máxima. Quem compraria o desodorante anunciado pelo atacante que desperdiçou o penalti? Quantos desempregados figuram nos anúncios de cerveja?
Os anúncios publicitários se valem da imagem de vencedores convictos. Avaliemos alguns dos pódios que a sociedade reserva aos vencedores. Um executivo bem sucedido perfila às suas costas algumas centenas de aspirantes. Com as frequentes fusões e aglomerações entre empresas estes cargos tornam-se a cada dia mais disputados. Um cidadão empregado numa empresa enxerga por sobre os ombros uma massa de desempregados que não exitariam em reduzir suas condições para galgar ao mesmo posto de trabalho. Um garoto recém-aprovado numa peneira de um clube de futebol fica à sombra de outros tantos que permanecerão sonhando com essa possibilidade. Os concursos, os testes, as peneiras, as seleções, as entrevistas, vão produzindo uma massa de fracassados cuja invisibilidade social começa a tornar-se aparente.
Toda competição produz vencedores. Esta é a ideia vendida pelo modo capitalista de organizar a sociedade. Todavia, como subproduto lógico, toda competição produz fracassados. Toda competição produz fracassados. Se todos já experimentamos pequenos fracassos em nossas vidas, é preciso conviver com o fato de que muitos, jamais experimentaram a vitória. E são estes os que permanecem excluídos daquilo que delimitou-se como mundo social.
E aí está mais uma conclusão que decorre da lógica elementar, aritmética. Em um ambiente extremamente competitivo jamais haverá vagas nos pódios da vida para todos. Como consequência a sociedade alimenta uma sede suicida por estatus que lança os indivíduos a uma busca desenfreada pela vitória que leva muitos ao completo esgotamento. Esta “vitória social” e o status que dela decorre não estão disponíveis a todos, daí que a sociedade se esmera em alardear a história de seus vencedores. Particularmente, acredito que as histórias dos perdedores têm muito mais a ensinar.
Publicado no AN 01/03/2012 - p. 02
Publicado no AN 01/03/2012 - p. 02