Imaginou-se que as manifestações que agitaram as ruas nos últimos meses fossem suficientes para pressionar não somente o Planalto mas também o Congresso. O que poderia resultar numa mudança de posição dos partidos que sustentam o executivo. Tal não ocorreu até agora e não deve ocorrer no curto prazo. A começar pelo PMDB, que por ora, tem expressado rechaçar a ideia de impeachment, e tem colhido frutos com o estrangulamento do PT. Destravando, por exemplo, contrariamente à posição governista, projetos em tramitação há bastante tempo no congresso (Terceirização, Redução Maioridade Penal, Liberação compra armas).
Apesar da insatisfação popular, os partidos da coalizão governista no congresso demonstram ter estímulos políticos suficientemente fortes para continuar apoiando o executivo. A presidente tem cedido aos partidos da base aliada. E, conseqüentemente, vê-se forçada a renunciar à sua agenda política própria. Criando uma situação que assemelha o presidencialismo de coalização brasileiro a um parlamentarismo à brasileira com Michel Temer funcionando como um primeiro ministro capenga.
Trata-se de um parlamentarismo à brasileira, porque, o PMDB, de fato, parece ter construído um governo paralelo capitaneado pelo parlamento. Desde a eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara o PMDB articula maioria com partidos de fora da coalização governista e encaminha votações de projetos que tem resistência nas bases de sustentação da presidente.
Esse processo, se não revertido pelo PT, pode levar a um desgaste lento e gradual do governo que, perdendo apoio das bases populares que reelegeram Lula em 2006, dificilmente resistiria ao teste das urnas nas eleições de 2016. Este sim, seria um cenário bastante adverso, e no mínimo, o ciclo de poder do PT seria fatalmente interrompido em 2018. Seria este o xeque-mate do PMDB?
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